São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista

Estado medirá impacto, afirma secretária de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo paulista prepara estudo para mensurar os efeitos da falta de gás natural para o setor industrial. A seguir, trechos da entrevista com a secretária de Energia do Estado, Dilma Pena. (AB)  

FOLHA - Para o governo, o Estado vive um "apagão" do gás?
DILMA PENA
- A situação atual é de um "apagão". Existe suprimento, mas é limitado, o que não permite expansão.

FOLHA - O governo já mensurou a perda de crescimento com a falta de gás natural?
PENA
- Estamos agora fazendo essa mensuração. Setores como o têxtil, o químico e o cerâmico não estão expandindo suas unidades industriais por falta de segurança no suprimento do gás natural. Vamos avaliar quanto as empresas estão deixando de se expandir.

FOLHA - Qual é a demanda de gás do Estado junto à Petrobras?
PENA
- Até 2011, São Paulo precisa de mais 3 milhões de metros cúbicos por dia.

FOLHA - A Petrobras tem um plano, o Plangás, que pretende elevar a produção em curto prazo. O governo está acompanhando a implantação do Plangás?
PENA
- Não posso dizer que os cronogramas estão sendo seguidos à risca. Temos o "Relatório Perspectiva Petrobras 2008", que nos dá algumas informações. Sabemos que o gasoduto Vitória-Cabiúnas já entrou em operação, ampliando em 6 milhões de m3/dia o volume para a região Sudeste. Isso, somado aos 15 milhões de m3/ dia já disponíveis para a região, fez a oferta subir para 21 milhões de m3/dia. Há uma previsão que ao longo deste ano o Plangás amplie a oferta para 40 milhões de m3/dia -mais 19 milhões de m3/dia até dezembro.

FOLHA - Mas dá tempo de alcançar os 40 milhões de m3/dia? Metade do ano já passou.
PENA
- Eu tenho dúvidas. A Petrobras tem um plano muito forte. A direção de gás e energia tem mobilizado os instrumentos. Mas são projetos de difícil maturidade.

FOLHA - Qual é o problema?
PENA
- Os projetos estão concentrados na Petrobras. A Lei do Gás, que poderia ajudar, se fosse mais flexível, está emperrada no Senado. Mais do que isso. O leilão da 9ª rodada aconteceu no ano passado sem os 41 blocos. A 8ª rodada está emperrada. Não temos um calendário sobre o lançamento de novas rodadas, tampouco a situação do que não foi licitado da 9ª. Há um certo marasmo que precisa ser vencido.

FOLHA - Mas novas rodadas nada resolvem no curto prazo.
PENA
- Não resolve nada até 2010. O que resolve até 2011 é viabilizar o GNL (gás natural liquefeito, com instalações de estações de regaseificação previstas para a baía da Guanabara), a produção nos campos Merluza/Lagosta (na bacia de Santos), a ampliação da produção na bacia do Espírito Santo e a produção no prazo definido para 2009 no campo de Mexilhão.

FOLHA - Está claro o destino a essa nova oferta de gás?
PENA
- O que o governo federal diz e pratica é que a prioridade um é a produção de energia elétrica nas térmicas. Tanto que tem desviado o gás, e até óleo, para as térmicas. A posição defendida por São Paulo é a seguinte: é muito importante manter o suprimento de gás para o setor industrial no Estado. São Paulo representa a grande parcela da produção industrial do país. A Petrobras precisa de parcerias, buscar musculatura tecnológica e de capitais das grandes companhias mundiais para explorar e oferecer gás a um preço compatível.


Texto Anterior: Empresário compara crise a drama do vício
Próximo Texto: Petrobras promete gás liquefeito em outubro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.