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RETOMADA
Resultado do primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado é o melhor desde 99, aponta Fiesp
Indústria de SP amplia vendas em 22% no ano
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
As vendas reais (descontada a
inflação) da indústria de transformação paulista cresceram 1,9%
em junho em relação a maio, divulgou ontem a Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo). Ante o mesmo mês de
2003, o crescimento foi de 32%.
Com esse resultado, a indústria
fechou o primeiro semestre com
um aumento real de 22,4% nas
vendas em relação ao mesmo período do ano passado, a maior alta nessa comparação desde 99.
O diretor de pesquisas da federação, Cláudio Vaz, voltou a atribuir grande parte da alta ao incremento nas exportações, que cresceram 8,4% em junho em relação
a maio. No acumulado do ano, as
vendas externas subiram 34,1%
ante igual período de 2003.
No mercado interno, segundo
ele, a reação ainda se sustenta pelo
incremento nas vendas de bens
duráveis, que dependem de crédito, como eletrodomésticos e veículos. "O mercado interno está
mais forte, mas ainda é um "mais
forte" muito fraco. Só vai ser satisfatório quando houver uma recuperação mais intensa do emprego
e da renda", afirmou.
Para Vaz, o que chamou a atenção nas vendas domésticas em junho -além do aumento que já
vinha acontecendo das vendas de
automóveis, linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e celulares- foi o crescimento da demanda por papel e papelão (3,4% em relação a maio) e indústria química (3,6%).
Dos 11 setores pesquisados pela
entidade, os produtos alimentares
tiveram a maior alta em relação a
maio, de 5,1%, mas, segundo o diretor, isso não reflete recuperação
da demanda interna: "Esse aumento das vendas de alimentos se
concentrou nas exportações".
Para Vaz, os 32% de crescimento em relação a junho do ano passado não são tão significativos
porque "junho de 2003 foi um dos
piores meses do ano". "A partir de
julho, essa comparação será mais
significativa, já que foi a partir
desse mês que se iniciou a recuperação no ano passado", disse.
A quantidade de horas trabalhadas na produção subiu 0,6%
em relação a maio. Na comparação com junho de 2003, a alta foi
de 9,8%. Já o salário médio real teve queda de 0,5% ante maio, e subiu 6,4% ante junho de 2003.
Ata do Copom
Questionado se a utilização da
capacidade instalada está chegando ao limite -segundo a entidade bateu em 84,1% em junho-,
Vaz afirmou que a indústria paulista já chegou a operar com 90%
da capacidade "sem problemas".
De acordo com o diretor da
Fiesp, alguns setores da indústria
já estão deslocando parte de sua
produção das exportações para
atender a demanda interna. "A
indústria de celular, por exemplo,
está reduzindo as vendas externas
para dar preferência para o consumo doméstico".
Sobre a ata do Copom (Comitê
de Política Monetária do Banco
Central), que fala na "manutenção da taxa de juros básica nos níveis atuais por um período prolongado", Vaz afirmou que o documento "não fez nada além de
reiterar uma visão equivocada
pró-mercado financeiro".
Ele admitiu a existência de algumas pressões inflacionárias, como a alta da cotação do petróleo
no mercado internacional. "Mas,
se a gente quer combater choques
externos com política monetária,
é uma opção por não incorporar
no mercado de trabalho quem está desempregado", disse. Segundo Vaz, "não há renda para chancelar aumento de preços".
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