São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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RETOMADA

Resultado do primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado é o melhor desde 99, aponta Fiesp

Indústria de SP amplia vendas em 22% no ano

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas reais (descontada a inflação) da indústria de transformação paulista cresceram 1,9% em junho em relação a maio, divulgou ontem a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Ante o mesmo mês de 2003, o crescimento foi de 32%.
Com esse resultado, a indústria fechou o primeiro semestre com um aumento real de 22,4% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado, a maior alta nessa comparação desde 99.
O diretor de pesquisas da federação, Cláudio Vaz, voltou a atribuir grande parte da alta ao incremento nas exportações, que cresceram 8,4% em junho em relação a maio. No acumulado do ano, as vendas externas subiram 34,1% ante igual período de 2003.
No mercado interno, segundo ele, a reação ainda se sustenta pelo incremento nas vendas de bens duráveis, que dependem de crédito, como eletrodomésticos e veículos. "O mercado interno está mais forte, mas ainda é um "mais forte" muito fraco. Só vai ser satisfatório quando houver uma recuperação mais intensa do emprego e da renda", afirmou.
Para Vaz, o que chamou a atenção nas vendas domésticas em junho -além do aumento que já vinha acontecendo das vendas de automóveis, linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e celulares- foi o crescimento da demanda por papel e papelão (3,4% em relação a maio) e indústria química (3,6%).
Dos 11 setores pesquisados pela entidade, os produtos alimentares tiveram a maior alta em relação a maio, de 5,1%, mas, segundo o diretor, isso não reflete recuperação da demanda interna: "Esse aumento das vendas de alimentos se concentrou nas exportações".
Para Vaz, os 32% de crescimento em relação a junho do ano passado não são tão significativos porque "junho de 2003 foi um dos piores meses do ano". "A partir de julho, essa comparação será mais significativa, já que foi a partir desse mês que se iniciou a recuperação no ano passado", disse.
A quantidade de horas trabalhadas na produção subiu 0,6% em relação a maio. Na comparação com junho de 2003, a alta foi de 9,8%. Já o salário médio real teve queda de 0,5% ante maio, e subiu 6,4% ante junho de 2003.

Ata do Copom
Questionado se a utilização da capacidade instalada está chegando ao limite -segundo a entidade bateu em 84,1% em junho-, Vaz afirmou que a indústria paulista já chegou a operar com 90% da capacidade "sem problemas".
De acordo com o diretor da Fiesp, alguns setores da indústria já estão deslocando parte de sua produção das exportações para atender a demanda interna. "A indústria de celular, por exemplo, está reduzindo as vendas externas para dar preferência para o consumo doméstico".
Sobre a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que fala na "manutenção da taxa de juros básica nos níveis atuais por um período prolongado", Vaz afirmou que o documento "não fez nada além de reiterar uma visão equivocada pró-mercado financeiro".
Ele admitiu a existência de algumas pressões inflacionárias, como a alta da cotação do petróleo no mercado internacional. "Mas, se a gente quer combater choques externos com política monetária, é uma opção por não incorporar no mercado de trabalho quem está desempregado", disse. Segundo Vaz, "não há renda para chancelar aumento de preços".


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