DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) telefonou ontem para Rodrigo Azevedo, indicado para a Diretoria de Política Econômica do Banco Central, para pedir explicações sobre a suspeita de que o economista se utilizou de informações privilegiadas na elaboração da última análise que fez aos clientes da instituição onde trabalhava, o CSFB Garantia.
Reportagem da Folha, anteontem, mostrou que o boletim assinado por Azevedo previa "um aumento das pressões políticas" para a queda de Luiz Candiota e foi distribuído na segunda-feira aos clientes da instituição, um dia após ele, Azevedo, ter sido convidado informalmente pelo presidente do BC, Henrique Meirelles.
De acordo com o relato de Suplicy, o economista afirmou que fizera a análise na sexta-feira, tendo enviado-a para Londres -local de onde ela seria distribuída posteriormente- na sexta-feira à noite, dois dias antes do convite.
Ainda segundo o senador, Azevedo disse que está reunindo análises de outras instituições e de outros consultores para reforçar a tese de que a previsão sobre o aumento da pressão pela queda de Candiota não era só dele.
Para ocupar a Diretoria de Política Econômica, Azevedo tem que passar por uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, da qual Suplicy é um dos integrantes. "Considero que o procedimento dele não quebrou a ética", disse o senador.
O presidente da comissão, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), afirmou que a sabatina deve ocorrer na segunda semana de agosto. A senadora Ideli Salvati (SC), líder da bancada do PT, disse avaliar que não deve haver dificuldades para a aprovação do nome.
A oposição promete dificultar: "Ele já entra na sabatina com o pé esquerdo. Essa coisa de usar informação privilegiada é de causar espécie, é um fato que ele vai ter que esclarecer muito bem", disse José Agripino (RN), líder do PFL.


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