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COMÉRCIO
Americanos acusavam Brasil e outros cinco países de dumping
EUA aplicam taxa de 37% ao camarão brasileiro
Jarbas Oliveira - 29.abr.04/Folha Imagem
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João Bernardo pesca camarões em Beberibe, no Ceará; produtores do Brasil pagarão sobretaxa de até 67,8% para exportar aos EUA |
FÁBIO GUIBU
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
O governo americano anunciou
ontem a imposição de novas tarifas à importação do camarão de
quatro países, entre eles o Brasil.
A medida, que já era esperada, é
parte de um processo antidumping aberto em fevereiro pelo Departamento de Comércio a pedido dos produtores locais.
As companhias brasileiras terão
que pagar uma sobretaxa de
36,9%, em média, podendo chegar a 67,8%. Equador (7,3%), Tailândia (6,4%) e Índia (14,2%)
também serão atingidos pela decisão, que deve vigorar já na próxima semana. No início do mês,
China e Vietnã já haviam sido punidos com tarifas de até 113%.
O Brasil deve contestar a decisão na OMC (Organização Mundial do Comércio). Segundo o Itamaraty, já está sendo estudada a
estratégia a ser utilizada pelo país
no órgão, mas não há previsão de
quando a OMC será acionada.
Segundo a legislação americana,
as sobretaxas serão recolhidas,
mas a medida só se tornará definitiva após a Comissão Internacional de Comércio, uma agência federal, julgar que os produtores locais foram mesmo prejudicados
pelos preços dos importados.
No Brasil, a ABCC (Associação
Brasileira de Criadores de Camarão) disse temer que a sobretaxa
leve os importadores americanos
a procurar mercado nos países
que até agora não concorriam
com os exportadores do país.
Integram a lista Indonésia, Colômbia, Venezuela, México e
Honduras. Os camarões brasileiros vendidos aos EUA concorrem
hoje com China, Equador e Tailândia. Desses, só o produto chinês foi sobretaxado em percentuais superiores aos brasileiros.
"Não praticamos dumping",
disse o presidente da ABCC, Itamar Rocha. A entidade defende
que a alta produtividade brasileira em cativeiro, conseqüência das
condições climáticas favoráveis
sobretudo na região Nordeste, representa o diferencial que permite
ao Brasil vender o camarão por
preços mais competitivos.
Segundo Rocha, desde que os
pescadores americanos denunciaram a suposta irregularidade
pelos brasileiros, o volume de exportação aos EUA tem caído.
Em 2003, o Brasil arrecadou
US$ 226 milhões com a venda de
camarão para o exterior.
"Antes da denúncia, exportávamos aos EUA até 45% do total
vendido no exterior", disse. "Agora, nos seis primeiros meses deste
ano, as exportações aos americanos representaram 21,05%."
O presidente da ABCC ainda
não definiu uma estratégia de defesa, que precisa ser apresentada
em cinco dias. O conselho consultivo da entidade vai se reunir na
segunda-feira, em Recife.
O diretor da NortePesca, Rodrigo Hazun, disse que foi pego de
surpresa pela decisão. Ele declarou que advogados da empresa
estudam o caso para apresentar a
estratégia de apelação. A empresa
terá que pagar a maior taxa entre
os brasileiros, de 67,8%.
"Sem dúvida [a sobretaxação]
nos tira do mercado [norte-americano] por algum tempo."
O coordenador de Comercialização e Promoção Comercial da
Secretaria de Aqüicultura e Pesca,
Guilherme Crispim, disse que o
governo agirá em três frentes:
dando suporte aos exportadores
na busca por novos mercados,
prestando assistência jurídica na
apelação da decisão e na busca pelo aumento do consumo interno,
a partir da eliminação de intermediários para reduzir o preço.
Com a Redação, a Sucursal de Brasília
e agências internacionais
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