São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

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Santander abre a safra de balanços com lucro menor

Resultado da tesouraria recua após piora do mercado

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Santander abriu ontem a temporada de resultados dos bancos no primeiro semestre, com queda de 17% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2007, por conta da redução na receita de tesouraria, que envolve as operações no mercado financeiro, após o aumento nos juros e a piora no desempenho dos mercados.
De janeiro a junho, o banco obteve ganho líquido de R$ 830 milhões, sendo que as receitas com operações de mercado recuaram 34% -de R$ 3,127 bilhões no primeiro semestre do ano passado para R$ 2,065 bilhões de janeiro a junho.
O banco teria apostado em papéis prefixados e corrigidos pela inflação, que perderam valor após o aumento da Selic e a disparada dos índices de preços. Só com a marcação a mercado de títulos prefixados o banco reconheceu perdas de R$ 112,9 milhões.
"O resultado caiu pelos menores ganhos com operações com o mercado, que segue tendo bom desempenho, mas não tão bom quanto em 2007", disse o banco, por sua assessoria.
O resultado do Santander no país exclui o enviado pelo banco Real, comprado em 2007, e que contribuiu com 477 milhões no resultado global do grupo. No mundo, o banco teve aumento de 22% nos ganhos, que somaram 4,73 bilhões, resultado que contrasta com o dos grandes bancos estrangeiros, que reportam perdas com papéis "subprime" (segunda linha) das hipotecas nos EUA.
Segundo o banco, no final de junho o grupo atingiu valor de mercado de 73 bilhões, o maior da zona do euro e o sexto maior do mundo.
O Brasil segue como um dos mercados mais importantes do Santander. O país contribuiu com 11% do resultado global e com 35% do apurado na América Latina. A expansão do crédito brasileiro para pessoas físicas segue como o principal fator de aumento dos ganhos do banco, que prevê leve desaceleração nos financiamentos ao longo do ano. O banco, porém, mantém suas apostas no crédito para as empresas, que deverá se manter.
A carteira total de crédito do banco somou R$ 46,5 bilhões no país -17% maior do que no final de junho do ano passado. O resultado com clientes cresceu 21%, passando de R$ 1,4 bilhão para R$ 1,7 bilhão do primeiro semestre de 2007 para o deste ano. A receita com serviços, que inclui as tarifas bancárias, subiu 5,3% em 12 meses e atingiu R$ 1,72 bilhão.
"Apesar de quase um ano de turbulências financeiras, as economias latino-americanas não sofreram impacto significativo nem sobre o crescimento atual do PIB nem sobre suas expectativas. Por outro lado, o cenário para a inflação mudou de forma eloqüente: a taxa se elevou em dois pontos em seis meses [de 6% para 8,1% ao ano]", afirmou o banco, em comunicado na Espanha.

Tendência
Para Flavia Saporito Machado, analista da consultoria Austin Ratings, é cedo para afirmar se os demais bancos brasileiros terão queda nos lucros como o Santander. Isso porque as demais instituições podem ter apostado em outras operações, como em títulos pós-fixados, e aumentado o nível de hedge [proteção] contratado na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). "Não sei se seria uma tendência [a queda nos lucros]. Como estão vendo esse cenário de aumento de juros, os outros bancos devem ter feito posições [maiores] em LFTs [títulos pós-fixados]", disse.



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