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Crise e real forte derrubam lucro da Vale
Ganho no 2º trimestre recua 53% em relação ao 1º e atinge R$ 1,46 bi; ante o mesmo período de 2008, queda é de 81%
Resultado vem pior que expectativa; aumento no
volume de vendas é anulado
pela queda no preço do
minério de ferro após crise
Sergio Moraes/Reuters
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Presidente da Vale, Roger Agnelli
DA SUCURSAL DO RIO
Afetado pela redução do preço do minério de ferro e pelo
câmbio, o lucro da Vale ficou
em R$ 1,466 bilhão no segundo
trimestre de 2009, queda de
81,5% na comparação com
igual período de 2008 (R$ 7,9
bilhões), quando a economia
global estava ainda aquecida.
Foi o pior desempenho para tal
período do ano desde 2003.
Em relação ao lucro do primeiro trimestre (R$ 3,151 bilhões) deste ano, que já havia
sido fraco por conta da crise, o
lucro caiu 53,5%. O resultado
surpreendeu negativamente os
analistas, que esperavam lucro
entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões. As ações da Vale ampliaram suas perdas após o anúncio
do balanço da empresa.
No pregão normal, que fechou antes de o resultado ser
conhecido, a ação PNA da Vale
caiu 1,69%. Já no "after market" -operações realizadas
após o encerramento normal
do pregão-, as ações alcançaram baixa de 3,54%
Segundo a Vale, dois fatores
determinaram o pior desempenho: a valorização do real e a
queda dos preços do minério de
ferro. Juntos, reduziram o faturamento em R$ 3,6 bilhões.
De abril a junho, a receita da
companhia caiu 41,7% na comparação com o mesmo período
de 2008 e somou R$ 11 bilhões.
A redução de 28,2% no preço
minério de ferro, principal produto da Vale, anulou o crescimento do volume de vendas do
produto -de 3,6%.
Apesar de ainda não ter fechado contratos com grandes
clientes, como siderúrgicas da
China, a mineradora informou
que contabilizou todo o efeito
negativo da diminuição dos
preços no segundo trimestre.
Como a Vale exporta quase
85% do que produz, a maior
parte do seu faturamento é em
dólar. Ao converter essa receita
em reais, ela encolhe dada a valorização cambial -o real se valorizou em 16% ante o dólar no
segundo trimestre. A variação
cambial também obrigou a Vale
a pagar mais Imposto de Renda. Só a despesa com o tributo
cresceu R$ 2,3 bilhões.
Desse modo, o câmbio e os
preços mais baixos impediram
que a Vale se beneficiasse da
ainda tímida reação do mercado global, que consumiu mais
ferro no segundo trimestre.
A recuperação foi liderada
pela China -cujas importações
de minério de ferro cresceram
29% no primeiro semestre deste ano. No Brasil, as vendas
também cresceram: 23% no segundo trimestre.
Já os aumentos do cobre
(30%) e do níquel (50%) no segundo trimestre geraram impacto positivo de R$ 431 milhões no faturamento.
Dívida
Apesar da expectativa de que
a valorização do real reduzisse
as despesas com dívidas, a Vale
viu seu endividamento crescer:
a dívida líquida subiu de R$ 6,2
bilhões no segundo trimestre
de 2009 para R$ 8,3 bilhões no
segundo trimestre deste ano. A
empresa não informou os motivos no balanço.
(PEDRO SOARES)
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