São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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Leilão do BC para exportador está emperrado

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os leilões de linhas de crédito destinadas à exportação realizados pelo Banco Central emperraram em menos de uma semana após começarem. Ontem nenhuma operação com o lote de US$ 100 milhões ofertado pelo BC foi fechada.
O número de instituições financeiras que podem pegar essas linhas do BC é reduzido -são apenas os 25 "dealers". Com isso, a demanda ficou, ao menos momentaneamente, estagnada, avaliam economistas e analistas de mercado.
As instituições financeiras não estariam repassando as linhas para qualquer exportador, como forma de evitar as operações que representam maiores riscos.
"O bancos não querem repassar as linhas para quem realmente precisa, que são pequenas e médias empresas, pois elas representam maiores riscos. Isso tem feito com que parte das linhas adquiridas nos leilões fique parada à espera de clientes", afirma Fernando Ferreira, diretor da consultoria Global Invest.
Desde a última sexta-feira, quando os leilões tiveram início, a demanda pelas linhas caiu diariamente. Na sexta, houve uma demanda de US$ 498,35 milhões para os US$ 200 milhões vendidos. Ontem para os US$ 100 milhões ofertados a demanda foi de apenas US$ 72 milhões. Como o BC não aceitou as taxas que as instituições queriam, nenhum negócio foi fechado. A intenção da autoridade monetária é de ofertar, pelo menos, US$ 2 bilhões.
Para o economista Fábio Akira, do JP Morgan, a queda da demanda também se explica devido ao limite que há no volume que os bancos podem adquirir das linhas oferecidas pelo BC. Esse limite é proporcional à quantidade de linhas para exportação que os bancos deram nas últimas semanas.

Recuo
Segundo operadores, o fato de os bancos estarem com muitas linhas para exportação compradas do BC paradas tem colaborado para os "spreads" -a diferença entre o juro que o banco paga e o que recebe ao conceder crédito- recuarem.
Muitos bancos vinham pedindo "spreads" que chegavam a 6 pontos percentuais por linhas pelas quais haviam pago algo em torno de 4%.
Na opinião de Joaquim Kokudai, diretor de tesouraria do banco Lloyds TSB, as empresas consideradas de menor risco devem estar pressionando os bancos para que as taxas sejam reduzidas.
"Há um claro problema na estrutura da operação armada pelo BC. Os bancos deveriam, ao menos, poder repassar as linhas para outras instituições financeiras, que não são "dealers'" diz Ferreira.


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