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EM TRANSE
Empresa toma empréstimo por meio do Citibank no Japão e consegue R$ 750 milhões com lançamento de debêntures
Petrobras obtém US$ 180 mi no exterior
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras conseguiu furar o
bloqueio de crédito externo que o
Brasil enfrenta desde maio e que
reduziu drasticamente o financiamento de exportações e o refinanciamento de dívidas de empresas
brasileiras. A empresa vai receber
recursos externos no valor de US$
180 milhões para desenvolver a
produção em campos de gás para
o abastecimento de usinas termelétricas. O dinheiro virá de um
empréstimo coordenado pela filial japonesa do Citibank.
Essa captação, segundo a Petrobras, estava sendo negociada desde dezembro do ano passado.
Trata-se de uma das maiores linhas de crédito externo para uma
empresa brasileira desde o início
da crise cambial brasileira e da
disparada do risco-país.
É também o primeiro financiamento externo conhecido desde o
encontro do ministro da Fazenda,
Pedro Malan, e do presidente do
Banco Central, Armínio Fraga,
com 16 bancos estrangeiros, na
segunda-feira passada, em Nova
York. Malan e Fraga foram aos
EUA tentar convencer os bancos
estrangeiros a manterem seus financiamentos para o Brasil. Conseguiram apenas uma promessa
informal de que o volume das linhas de crédito não iria diminuir.
Empréstimo em reais
A Petrobras também concluiu
ontem operação inédita de lançamento de debêntures -títulos de
empresas-, com a qual conseguiu captar recursos no valor de
R$ 750 milhões. Foi a primeira vez
que a estatal vendeu esse tipo de
papel, que é destinado exclusivamente ao mercado interno.
Debêntures são títulos de empresas, que, ao contrário das
ações, não representam uma participação no capital da companhia. Seu atrativo é a remuneração, dada por uma taxa de juro
pré-determinada, acrescida, em
geral, pela correção da inflação.
Pelas regras brasileiras, as debêntures só podem ser vendidas a investidores nacionais.
A Petrobras só não captou mais
recursos porque não quis. Recebeu propostas dos interessados
no papel para vender até R$ 1,360
bilhão. Mas preferiu limitar a
oferta aos R$ 750 milhões. A
maior demanda permitiu que o
juro pago caísse de 11,5% para
11% ao ano.
Segundo a Petrobras, o objetivo
da captação foi conseguir recursos para capital de giro e também
alongar o perfil da dívida da empresa com papéis de prazo maior.
Além do juro de 11% ao ano, os
papéis serão remunerados também pela variação do IGP-M (Índice de Preços ao Consumidor
-Mercado), que nos últimos 12
meses (até agosto) está em 11,01%.
O prazo dos títulos é de dez anos.
Trata-se de debêntures simples,
ou seja, não poderão ser convertidas em ações da companhia após
o prazo de vencimento.
A Petrobras informou que havia
39 investidores interessados em
adquirir as debêntures. Decidiu,
porém, aceitar proposta de apenas 25, sendo 7 pessoas físicas
-fato inédito nos lançamentos
da companhia. Os maiores investidores desse tipo de papel são
fundos de pensão.
Intensiva em capital como todas
as empresas do setor de petróleo,
a Petrobras teria optado, segundo
analistas de mercado, por lançar
debêntures no mercado nacional
por causa do cenário de aversão
internacional a investimentos de
risco.
Apesar de conseguir dinheiro
no exterior com taxas melhores
do que o governo brasileiro, a Petrobras sofreu também com o aumento do risco-país e poderia ter
o juro de seus empréstimos externos aumentado num novo lançamento. De acordo com analistas,
o banco Pactual, que é o líder da
operação, teria procurado a Petrobras e mostrado a ela que existia uma forte demanda por debêntures da empresa no país.
Também participaram da emissão dos papéis a CEF (Caixa Econômica Federal), o Bradesco e o Itaú.
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