São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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COMÉRCIO EXTERIOR

Filial brasileira da Alstom fornecerá carros ao Metrô de Santiago, que receberá R$ 147,4 mi do banco

BNDES financia venda de vagões de metrô

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiará as exportações de vagões da subsidiária brasileira da multinacional Alstom (França), que fechou um contrato para vender 180 carros para o Metrô de Santiago, no Chile.
O BNDES emprestará R$ 147,4 milhões, num prazo de 15 anos, ao Metrô de Santiago por meio da BNDES-Exim, braço de exportações do banco. Nesse tipo de crédito à exportação, recebe o dinheiro quem adquire o produto, em geral, um bem de alto valor. A operação é similar às que o banco faz com a Embraer, financiando os compradores de aeronaves.
Segundo o diretor da área financeira do BNDES, Isac Zagury, a subsidiária brasileira da Alstom só conseguiu fechar o contrato graças ao apoio do BNDES, que a colocou em condições de igualdade para competir com empresas da França, Espanha, Alemanha, Bélgica e Áustria.
Companhias desses países, diz, tiveram o apoio das agências locais de crédito à exportação para também fornecer equipamentos ao Metrô de Santiago.
"Não é financiar a Alstom da França. Vão ser gerados empregos, renda e entrada de divisas no Brasil. Estamos financiando uma exportação de uma empresa instalada no Brasil, gerando emprego aqui. Nesse tipo de negócio, o papel do financiador é fundamental."
Ingressarão no país na forma de divisas US$ 173,4 milhões -mais do que o valor financiado, pois 15% do contrato é pago à vista- ao longo dos próximos 15 anos.
Zagury disse que a operação não tem relação com o esforço do governo de compensar o fechamento das linhas externas às exportações brasileiras. O BNDES criou uma linha de R$ 2 bilhões, com o objetivo de suprir empresas brasileiras exportadoras, afetadas pela retração dos bancos estrangeiros, tradicionais financiadores de curto prazo. O executivo disse que a operação com a Alstom tem outro perfil: é de longo prazo e financia bens de capital.
Além do empréstimo do BNDES, a operação da Alstom contou com o apoio do Proex-Equalização (que financia a diferença entre as taxas de juros brasileiras e internacionais, que são menores) e tem seguro contra risco político.
Não é a primeira vez que o BNDES incentiva negócios da Alstom do Brasil no exterior. Já foram financiadas compras de vagões da companhia para os metrôs de Buenos Aires e Nova York.
De acordo com o BNDES, a Alstom investirá US$ 25 milhões em suas fábricas no Brasil até 2003, criando 1.500 empregos diretos.


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