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Entidades discordam sobre efeito da turbulência no Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Os impactos da crise econômica internacional ainda dividem a opinião dos empresários
da indústria e do comércio e
das centrais sindicais. Parte
acredita que o mercado interno
pode sustentar o crescimento
do país e que o reflexo da turbulência será reduzido. Parte já
espera até redução da produção
nos próximos 30 dias.
Para Humberto Barbato,
presidente da Abinee (reúne a
indústria eletroeletrônica), as
empresas podem começar a
sentir reflexo na produção em
30 dias. "O que acontece é que o
consumidor fica mais cauteloso ao ouvir essas notícias, teme
perder o emprego e deixa de
comprar. Se ele diminui as
compras, a demanda por produtos diminui, e isso afeta a
produção das empresas." Para
ele, o impacto imediato da crise
é a redução de investimentos.
Carlos Pastoriza, diretor-secretário da Abimaq (que reúne
indústria de máquinas), considera que um leve desaquecimento nos investimentos pode
até ser positivo, pois reduziria o
risco de inflação e desarranjos
do parque produtivo. "Os investimentos cresciam em um
ritmo de 15% ao ano, o triplo do
PIB. Se desacelerar para uns
10%, ainda é muito bom."
Para ele, o Brasil está menos
exposto a uma desaceleração
global do que os outros Brics
(Brasil, Rússia, Índia e China),
pois apenas 15% do seu PIB
provêm de exportações, ante
40% nos demais países.
Fernanda della Rosa, da Fecomercio SP, acredita que a
não-aprovação do pacote de
resgate pelo Congresso norte-americano pode agravar o processo de recessão do país. "No
Brasil o abalo será praticamente nenhum. A economia local
tem fatores altamente favoráveis, como geração de emprego
e renda, que estimulam o consumo. Para os próximos meses,
temos ainda o depósito do 13º
salário e o Natal, que devem estimular as vendas."
Já o presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Alencar Burti, evitou fazer
previsões. "O quadro econômico pode melhorar ou piorar em
questão de duas horas." Segundo ele, a crise pode provocar
aperto no crédito e redução global de investimentos. O Brasil
pode ser afetado, mas sentirá o
efeito da crise atenuado.
Artur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT, diz que
o país está mais preparado para
enfrentar as turbulências no
mercado financeiro. Já João
Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical, afirma
que o trabalhador está preocupado com a situação do país.
(MARINA GAZZONI e CLAUDIA ROLLI)
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