São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Entidades discordam sobre efeito da turbulência no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Os impactos da crise econômica internacional ainda dividem a opinião dos empresários da indústria e do comércio e das centrais sindicais. Parte acredita que o mercado interno pode sustentar o crescimento do país e que o reflexo da turbulência será reduzido. Parte já espera até redução da produção nos próximos 30 dias.
Para Humberto Barbato, presidente da Abinee (reúne a indústria eletroeletrônica), as empresas podem começar a sentir reflexo na produção em 30 dias. "O que acontece é que o consumidor fica mais cauteloso ao ouvir essas notícias, teme perder o emprego e deixa de comprar. Se ele diminui as compras, a demanda por produtos diminui, e isso afeta a produção das empresas." Para ele, o impacto imediato da crise é a redução de investimentos.
Carlos Pastoriza, diretor-secretário da Abimaq (que reúne indústria de máquinas), considera que um leve desaquecimento nos investimentos pode até ser positivo, pois reduziria o risco de inflação e desarranjos do parque produtivo. "Os investimentos cresciam em um ritmo de 15% ao ano, o triplo do PIB. Se desacelerar para uns 10%, ainda é muito bom."
Para ele, o Brasil está menos exposto a uma desaceleração global do que os outros Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), pois apenas 15% do seu PIB provêm de exportações, ante 40% nos demais países.
Fernanda della Rosa, da Fecomercio SP, acredita que a não-aprovação do pacote de resgate pelo Congresso norte-americano pode agravar o processo de recessão do país. "No Brasil o abalo será praticamente nenhum. A economia local tem fatores altamente favoráveis, como geração de emprego e renda, que estimulam o consumo. Para os próximos meses, temos ainda o depósito do 13º salário e o Natal, que devem estimular as vendas."
Já o presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Alencar Burti, evitou fazer previsões. "O quadro econômico pode melhorar ou piorar em questão de duas horas." Segundo ele, a crise pode provocar aperto no crédito e redução global de investimentos. O Brasil pode ser afetado, mas sentirá o efeito da crise atenuado.
Artur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT, diz que o país está mais preparado para enfrentar as turbulências no mercado financeiro. Já João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical, afirma que o trabalhador está preocupado com a situação do país.
(MARINA GAZZONI e CLAUDIA ROLLI)


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