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COMÉRCIO EXTERIOR
Volume vendido até setembro deste ano já supera o de 2003 inteiro
Exportação de carne bovina é recorde
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O volume recorde de carne bovina exportada pelo Brasil de janeiro a setembro já atingiu o total
das vendas realizadas em 2003, segundo levantamento divulgado
ontem pela CNA. Em relação ao
mesmo período do ano passado, a
quantidade (1,33 milhão de toneladas) é 43% maior, e o valor (US$
1,798 bilhão), 77% mais alto, impulsionado pela recuperação dos
preços internacionais. As exportações, porém, estão focadas em
mercados de baixa rentabilidade.
Nem o embargo russo, iniciado
em setembro, brecou as exportações, informou a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil). O país autorizou o embarque dos contratos já firmados
e foi o maior importador do produto brasileiro naquele mês, consumindo 12% das vendas.
De acordo com Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da entidade, o resultado deve se repetir
neste mês, pois ainda existem
"muitos contratos que não foram
encerrados".
Com o resultado, o Brasil assumiu a vantagem de vendas em volume no mercado internacional,
com 43% de exportações acima
da segunda colocada, a Austrália,
que vendeu 930 mil toneladas. Em
2003, a relação era menor (12%),
sendo que o Brasil foi responsável
por 19% de toda a carne consumida no mundo -neste ano, segundo a CNA, deve chegar a 25%.
A vantagem pára por aí. Os australianos têm acesso a mercados
como Japão, Tigres Asiáticos e Estados Unidos. Eles têm restrições
sanitárias em relação ao produto
do Brasil. Segundo Nogueira, o
país consegue US$ 2.000 por tonelada de carne exportada, enquanto a Austrália vende a tonelada
por até US$ 6.000.
Assim, apesar de em 2003 ter
vendido em volume 12% a mais
do que a Austrália, o saldo brasileiro ficou em US$ 1,5 bilhão em
exportação de carne bovina, enquanto a Austrália superou a
marca de US$ 3 bilhões.
A abertura desses mercados
ainda não está no cenário de curto
prazo. Os Estados Unidos, por
exemplo, estão analisando a questão, mas devem dar uma resposta
ao Brasil somente no fim de 2005.
A baixa rentabilidade, segundo
Nogueira, também atinge o produtor. Enquanto para exportação
a tonelada de carne in natura subiu de US$ 1.736 para US$ 2.153, e
a industrializada, de US$ 1.924 para US$ 2.191, o valor do produto
no campo caiu em até 10% em alguns Estados.
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