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Governo amplia socorro a construtoras
Para reduzir resistências do setor e do Congresso, será criado um fundo para garantir parte dos empréstimos às empresas
CEF também vai usar
R$ 3 bi dos recursos que
capta na caderneta de
poupança para criar linhas
de crédito para projetos
SHEILA D'AMORIM
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a reação negativa do setor da construção à edição da
MP 443 -que autoriza o Banco
do Brasil e a Caixa Econômica a
comprar bancos e empresas- e
com o temor de que isso inviabilizasse a tramitação da medida no Congresso, o governo resolveu acenar com um agrado
às construtoras. Para isso, o Tesouro terá que abrir mão de
parte dos dividendos que deveria receber da Caixa até 2010.
O dinheiro, R$ 1,05 bilhão,
servirá para compor um fundo
que irá garantir até 35% dos
empréstimos que o banco estatal fará para dar capital de giro
às empresas e para antecipar
receitas futuras, via compra de
recebíveis (créditos a receber).
Segundo anunciou a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, o banco vai
usar R$ 3 bilhões dos recursos
que capta na poupança para
criar as duas linhas de crédito.
Isso assegurará dinheiro para
as construtoras tocarem os novos empreendimentos, ameaçados de serem cancelados.
Como o risco das operações
do setor subiu por causa da crise financeira, o governo avaliou
que será preciso ajuda do Tesouro, controlador da Caixa,
para constituir um fundo que
minimizará o risco de o banco
estatal ter que arcar com inadimplência das operações.
A medida veio depois de fortes críticas da construção civil à
decisão do governo de permitir
que o banco estatal compre
participações nas empresas do
setor. Segundo a Folha apurou,
a queixa é que com essa autorização, a Caixa passaria a monopolizar o setor, com ingerência
em todas as etapas do processo.
Isso porque, como maior financiadora e controlada pelo
governo, a instituição participa
diretamente das discussões sobre as regras de funcionamento da área imobiliária. Além
disso, como gestora do FGTS,
detém a principal e mais barata
fonte de recursos para as operações de habitação. Ao comprar participações nas empresas, a Caixa passaria a ser também dona de companhias. O temor era o de que isso gerassse
uma distorção no mercado.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, rebate
as críticas dizendo que a Caixa
não tem intenção de ser controladora de empresas. "Se for
adquirir, será uma participação
minoritária. O objetivo nunca
foi comprar empresas."
Custo
Os recursos do Tesouro garantirão apenas os financiamentos da Caixa, que limitará
seus empréstimos a 20% do
custo de cada empreendimento. Ao abrir mão de parte dos
dividendos que são usados para
reforçar a economia do governo para abater a dívida pública
(superávit primário), o Tesouro assumirá o custo da medida,
equivalente aos juros pagos sobre essa parcela da dívida que
deixará de ser reduzida.
Neste ano, a Caixa já antecipou ao Tesouro o pagamento
de R$ 1,5 bilhão referente a lucros que espera em 2008. Com
isso, a criação do fundo deverá
comprometer antecipadamente os ganhos esperados para
2009 e 2010 -justamente um
período em que a expectativa é
de lucro menor da Caixa e menor arrecadação federal devido
à desaceleração econômica no
país e no mundo.
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