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Crise congela concessão do 3º selo de bom pagador ao Brasil
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Moody's, a única entre as
três principais agências de avaliação de risco que não concedeu o grau de investimento ao
Brasil, congelou a decisão sobre
os "ratings" na América Latina
em meio à crise. A agência afirma que, a curto prazo, é improvável que o Brasil receba o seu
terceiro selo de bom pagador.
Na conferência anual da
Moody's realizada ontem em
São Paulo, o analista sênior de
risco soberano Mauro Leos
afirmou que o Brasil ainda não
recebeu o selo porque teria sido
um engano avaliar o país em
um momento excepcional, com
alta no preço das commodities
e ótima liquidez. Agora, diz ele,
é preciso observar o comportamento do país durante a crise.
Leos afirma que a agência fará apenas mudanças pontuais
nos seus "ratings". A Moody's
rebaixou a Islândia e o Paquistão, mas diz "estar confortável"
com as notas atuais dos países
latino-americanos.
Para a Moody's, apesar dos
fundamentos sólidos, o Brasil
não está imune à crise. A agência diz que o mercado de capitais ficará fechado por até 18
meses e que as empresas que
precisam refinanciar dívidas
sofrerão com falta de liquidez.
A estimativa da Moody's é
que 60% das empresas brasileiras classificadas pela agência
têm risco médio ou baixo de refinanciar dívidas. De acordo
com a agência, a falta de liquidez pode obrigar cerca de 65%
dos emissores classificados no
Brasil a reduzir investimentos.
Maria Celina Vansetti-Hutchins, responsável pela avaliação de bancos na América Latina, diz que as instituições brasileiras têm condições de absorver choques. Entretanto, a falta
de liquidez deve provocar achatamento no tamanho dos bancos brasileiros, diz ela.
Hutchins diz que o BC brasileiro pode ampliar as medidas
para injetar liquidez. "Comparados à amplitude das medidas
no resto do mundo, estamos no
jardim-de-infância. Essas medidas [como a flexibilização de
compulsórios bancários e o fornecimento de recursos em dólar e em real] foram importantes, mas não foram totalmente
exauridas. Se houver necessidade, acho que a gente poderá
contar com mais."
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