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Índice de confiança da indústria despenca
Temor de agravamento da crise faz indicador da FGV recuar 11,7% neste mês; pessimismo cresce em relação ao futuro
Crise financeira "chegou ao mundo produtivo", diz pesquisador, que vê sinais de desaceleração, mas
não de recessão
DA FOLHA ONLINE
O ICI (Índice de Confiança
da Indústria) da FGV (Fundação Getulio Vargas) caiu 11,7%
neste mês, ao passar de 120,2
em setembro para 106,1 pontos
na leitura divulgada ontem
dentro da Sondagem da Indústria de Transformação. Trata-se do pior índice desde janeiro
de 2007, sem ajuste sazonal.
Para o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises
Econômicas da FGV, Aloisio
Campelo Junior, o indicador
mostra que a crise financeira
global "chegou ao mundo produtivo". Em compensação, disse ele, os indicadores da sondagem apontam uma desaceleração na economia brasileira mas
não uma recessão.
"Não há o menor sinal de recessão [na Sondagem], e sim de
desaceleração", disse o pesquisador.
Sua justificativa é que o indicador ainda se mantém acima
da média histórica para o dado,
que está próximo dos 100 pontos.
Os principais motivos para a
queda expressiva no ICI foram
causados, segundo Campelo,
pelos menores índices de situação atual dos negócios (de 126
pontos para 117) e, principalmente, de situação nos negócios em seis meses (de 148 para
124). Este último caiu ao menor
nível da série histórica mensal
da pesquisa, que se iniciou em
setembro de 2005.
Campelo ressaltou que esses
dois índices estão mais atrelados ao sentimento dos empresários do aos indicadores mais
operacionais, mostrando que a
diminuição da confiança é mais
uma questão psicológica do que
da análise fria dos números de
suas empresas. "A má notícia,
neste caso, é que normalmente
uma desaceleração nas questões de sentimento antecedem
as quedas dos [indicadores]
operacionais", disse.
Ainda segundo a Sondagem
Industrial, desde 2003 as indústrias não têm tanta dificuldade em obter crédito como
neste quarto trimestre: 33%
dos entrevistados disseram que
o grau de exigência para obter
crédito se elevou, e apenas dos
3% dos consultados indicaram
maior facilidade.
Trata-se de uma posição inversa ao do terceiro trimestre,
quando 16% apontaram maior
dificuldade e 27% indicaram
mais facilidade. O saldo entre
um e outro não era tão alto desde a sondagem para o terceiro
trimestre de 2003. Na ocasião,
foram 44% dos industriais indicando maior exigência e 8%
apontando maior facilidade.
A pesquisa também detectou
o problema que as empresas
exportadoras têm tido em obter financiamentos em dólares,
através de ACC (Adiantamento
de Contrato de Câmbio) ou outros instrumentos. Entre os
quatro gêneros industriais que
indicaram maior dificuldade
em conseguir crédito, três exportam mais do que a média
das empresas analisadas, que é
de 24%. São os casos de material de transporte, mecânica e
metalurgia.
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