São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Índice de confiança da indústria despenca

Temor de agravamento da crise faz indicador da FGV recuar 11,7% neste mês; pessimismo cresce em relação ao futuro

Crise financeira "chegou ao mundo produtivo", diz pesquisador, que vê sinais de desaceleração, mas não de recessão


DA FOLHA ONLINE

O ICI (Índice de Confiança da Indústria) da FGV (Fundação Getulio Vargas) caiu 11,7% neste mês, ao passar de 120,2 em setembro para 106,1 pontos na leitura divulgada ontem dentro da Sondagem da Indústria de Transformação. Trata-se do pior índice desde janeiro de 2007, sem ajuste sazonal.
Para o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, Aloisio Campelo Junior, o indicador mostra que a crise financeira global "chegou ao mundo produtivo". Em compensação, disse ele, os indicadores da sondagem apontam uma desaceleração na economia brasileira mas não uma recessão.
"Não há o menor sinal de recessão [na Sondagem], e sim de desaceleração", disse o pesquisador.
Sua justificativa é que o indicador ainda se mantém acima da média histórica para o dado, que está próximo dos 100 pontos.
Os principais motivos para a queda expressiva no ICI foram causados, segundo Campelo, pelos menores índices de situação atual dos negócios (de 126 pontos para 117) e, principalmente, de situação nos negócios em seis meses (de 148 para 124). Este último caiu ao menor nível da série histórica mensal da pesquisa, que se iniciou em setembro de 2005.
Campelo ressaltou que esses dois índices estão mais atrelados ao sentimento dos empresários do aos indicadores mais operacionais, mostrando que a diminuição da confiança é mais uma questão psicológica do que da análise fria dos números de suas empresas. "A má notícia, neste caso, é que normalmente uma desaceleração nas questões de sentimento antecedem as quedas dos [indicadores] operacionais", disse.
Ainda segundo a Sondagem Industrial, desde 2003 as indústrias não têm tanta dificuldade em obter crédito como neste quarto trimestre: 33% dos entrevistados disseram que o grau de exigência para obter crédito se elevou, e apenas dos 3% dos consultados indicaram maior facilidade.
Trata-se de uma posição inversa ao do terceiro trimestre, quando 16% apontaram maior dificuldade e 27% indicaram mais facilidade. O saldo entre um e outro não era tão alto desde a sondagem para o terceiro trimestre de 2003. Na ocasião, foram 44% dos industriais indicando maior exigência e 8% apontando maior facilidade.
A pesquisa também detectou o problema que as empresas exportadoras têm tido em obter financiamentos em dólares, através de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) ou outros instrumentos. Entre os quatro gêneros industriais que indicaram maior dificuldade em conseguir crédito, três exportam mais do que a média das empresas analisadas, que é de 24%. São os casos de material de transporte, mecânica e metalurgia.


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