|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUÍS NASSIF
As multinacionais brasileiras
A internacionalização
das empresas brasileiras foi
objeto de uma minuciosa pesquisa da Fundação Dom Cabral,
de Belo Horizonte.
Coordenada pelos professores
Álvaro Cyrino e Moacir de Miranda Oliveira Júnior, a Pesquisa "Global Players - Investigação
Sobre Processos de Internacionalização de Empresas no Brasil", realizada ao longo de 2001,
investigou as mil maiores empresas de capital nacional
-controladas por pessoas físicas e jurídicas brasileiras-, segundo dados levantados na
"Gazeta Mercantil".
Os principais motivos que impulsionam as grandes empresas
brasileiras a internacionalizar
suas atividades são:
busca de economia de escala
-marcante entre os produtores
intermediários e de bens finais;
desenvolvimento de competências para atuar em mercados
internacionais -mais necessárias quanto menor o porte da
empresa;
explorar internacionalmente as vantagens da localização
no Brasil;
saturação no mercado brasileiro.
As conclusões principais do estudo são as seguintes:
as grandes empresas brasileiras se internacionalizaram
pela via da exportação;
as empresas brasileiras adotam a cadeia de estabelecimento, ou seja, o gradualismo. Investem recursos no exterior gradualmente, à medida que adquirem conhecimento em internacionalização. A inserção de
maneira incremental reflete
também a segurança proveniente da experiência adquirida sobre determinado mercado;
quando se analisa o comportamento das empresas diante
das modalidades de forma de
entrada que exigem maior comprometimento e investimento,
há poucas multinacionais brasileiras -e nenhuma empresa
brasileira verdadeiramente global.
Um item em franco crescimento é o de "alianças estratégicas
com empresas estrangeiras", o
que implica investimento direto
em mercados externos, mas com
o objetivo de compartilhamento
de riscos com o parceiro internacional. O parceiro traz para a
aliança conhecimento sobre o
mercado estrangeiro, acesso a
canais de distribuição e, muitas
vezes, influência política para a
aliança estabelecida.
Das empresas entrevistadas,
47,7% pretendem utilizar alianças estratégicas como forma de
entrada em mercados internacionais nos próximos cinco anos
e 25% já utilizam.
O segundo maior potencial de
entrada é a instalação de subsidiárias ou unidades de produção próprias -praticada atualmente por 10,7% das empresas e
em planejamento por 17,4%.
Também tem bom potencial a
instalação de escritórios de comercialização próprios, utilizada atualmente por 27,4% das
empresas e prevista para 33,7%.
Uma estratégia de inserção no
mercado internacional deveria
se ocupar, inicialmente, com as
seguintes ações relacionadas
com o ambiente interno:
desenvolvimento de uma estratégia formalizada de internacionalização;
desenvolvimento de competências em negócios internacionais;
monitoramento do ambiente competitivo internacional;
No ambiente externo, as ações
que mais têm se intensificado
são:
parcerias internacionais
(mais presente nas empresas de
menor porte);
relacionamento de longo
prazo com fornecedores, de forma a possibilitar que a empresa
tenha foco no seu negócio.
Quanto à Alca, os resultados
são reveladores:
mais de 70% das empresas
pesquisadas entendendo a Alca
como uma oportunidade;
dos respondentes, 77,4%
consideram suas empresas preparadas para competir na Alca.
todas as empresas com faturamento superior a R$ 1 bilhão
consideram-se preparadas para
competir na Alca.
apesar disso, 57,4% consideram que a Alca beneficiará principalmente as empresas internacionais: tanto americanas quanto de outros países. Uma forma
de interpretar é que as grandes
empresas brasileiras se consideram prontas para o acirramento
da disputa, mas o mesmo pode
não ser verdade para empresas
menores.
E-mail - LNassif@uol.com.br
Texto Anterior: Mercado dos EUA: Bolsa de NY atinge 8 semanas seguidas de alta; United Airlines tomba 23% Próximo Texto: Inflação da Petrobras: Gás de cozinha e diesel vão ficar mais caros de novo Índice
|