São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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LUÍS NASSIF

As multinacionais brasileiras

A internacionalização das empresas brasileiras foi objeto de uma minuciosa pesquisa da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte.
Coordenada pelos professores Álvaro Cyrino e Moacir de Miranda Oliveira Júnior, a Pesquisa "Global Players - Investigação Sobre Processos de Internacionalização de Empresas no Brasil", realizada ao longo de 2001, investigou as mil maiores empresas de capital nacional -controladas por pessoas físicas e jurídicas brasileiras-, segundo dados levantados na "Gazeta Mercantil".
Os principais motivos que impulsionam as grandes empresas brasileiras a internacionalizar suas atividades são:
  busca de economia de escala -marcante entre os produtores intermediários e de bens finais;
  desenvolvimento de competências para atuar em mercados internacionais -mais necessárias quanto menor o porte da empresa;
  explorar internacionalmente as vantagens da localização no Brasil;
  saturação no mercado brasileiro.
As conclusões principais do estudo são as seguintes:
  as grandes empresas brasileiras se internacionalizaram pela via da exportação;
  as empresas brasileiras adotam a cadeia de estabelecimento, ou seja, o gradualismo. Investem recursos no exterior gradualmente, à medida que adquirem conhecimento em internacionalização. A inserção de maneira incremental reflete também a segurança proveniente da experiência adquirida sobre determinado mercado;
  quando se analisa o comportamento das empresas diante das modalidades de forma de entrada que exigem maior comprometimento e investimento, há poucas multinacionais brasileiras -e nenhuma empresa brasileira verdadeiramente global.
Um item em franco crescimento é o de "alianças estratégicas com empresas estrangeiras", o que implica investimento direto em mercados externos, mas com o objetivo de compartilhamento de riscos com o parceiro internacional. O parceiro traz para a aliança conhecimento sobre o mercado estrangeiro, acesso a canais de distribuição e, muitas vezes, influência política para a aliança estabelecida.
Das empresas entrevistadas, 47,7% pretendem utilizar alianças estratégicas como forma de entrada em mercados internacionais nos próximos cinco anos e 25% já utilizam.
O segundo maior potencial de entrada é a instalação de subsidiárias ou unidades de produção próprias -praticada atualmente por 10,7% das empresas e em planejamento por 17,4%. Também tem bom potencial a instalação de escritórios de comercialização próprios, utilizada atualmente por 27,4% das empresas e prevista para 33,7%.
Uma estratégia de inserção no mercado internacional deveria se ocupar, inicialmente, com as seguintes ações relacionadas com o ambiente interno:
  desenvolvimento de uma estratégia formalizada de internacionalização;
  desenvolvimento de competências em negócios internacionais;
  monitoramento do ambiente competitivo internacional;
No ambiente externo, as ações que mais têm se intensificado são:
  parcerias internacionais (mais presente nas empresas de menor porte);
  relacionamento de longo prazo com fornecedores, de forma a possibilitar que a empresa tenha foco no seu negócio.
Quanto à Alca, os resultados são reveladores:
  mais de 70% das empresas pesquisadas entendendo a Alca como uma oportunidade;
  dos respondentes, 77,4% consideram suas empresas preparadas para competir na Alca.
  todas as empresas com faturamento superior a R$ 1 bilhão consideram-se preparadas para competir na Alca.
  apesar disso, 57,4% consideram que a Alca beneficiará principalmente as empresas internacionais: tanto americanas quanto de outros países. Uma forma de interpretar é que as grandes empresas brasileiras se consideram prontas para o acirramento da disputa, mas o mesmo pode não ser verdade para empresas menores.

E-mail - LNassif@uol.com.br


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