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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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No RS, estáveis são protegidos por entidades

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Os raros casos de empregados estáveis no Brasil encontram guarida, no Rio Grande do Sul, justamente onde menos se esperaria: em entidades representativas de empresas. No caso, da indústria.
Na Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), por exemplo, há um personagem curioso, que, em todo o início de mês, comparece à entidade para receber seus proventos como advogado.
Trata-se de Paulo Augusto Simões Pires, que os funcionários da Fiergs calculam ter cerca de 90 anos. Nem mesmo no setor de pessoal consta a idade de Simões Pires. A Agência Folha tentou localizá-lo pelo telefone e até mesmo em seu apartamento, na zona norte de Porto Alegre. Nada de encontrá-lo.
Para ter notícia do funcionário, que poderia já estar aposentado, somente fazendo plantão na Fiergs quando chega o dia 5.
No Sesi (Serviço Social da Indústria), trabalhava até duas semanas atrás o técnico Pedro da Silva Barcelos, 51, como técnico e como não-optante. Ou seja, estável. Mesmo deixando de ganhar seus R$ 2.831 mensais e passando a receber cerca de R$ 2.200 do INSS, Barcelos se aposentou.
"Tenho toda uma visão sobre a estabilidade ou o FGTS. Acho que tanto faz. Na verdade, estabilidade não representa segurança. De qualquer forma, o funcionário tem de pensar em desenvolver seu trabalho. A estabilidade pode ser um veneno, que faz o funcionário se acomodar e não evoluir", diz.
Barcelos entrou no Sesi como contínuo em 1966, um ano antes do advento do FGTS. Ele tinha 14 anos. Na época, ouviu diversas conversas de corredor sobre o assunto. Preferiu, porém, manter-se como não-optante.
"Hoje, eu poderia optar, sem problema. Sempre reivindiquei dentro da empresa o que achava justo, reclamei do injusto e fiz meu trabalho, procurando sempre me aprimorar. Sei que hoje há a globalização e a tecnologia, que o mercado é difícil, mas acredito no homem que trabalha com dignidade", afirma.
Barcelos, que completa 52 anos no dia 8, diz sempre ter trabalhado como se fosse optante. "Se não trabalho com responsabilidade, posso ter de enfrentar um processo", explica ele, que garante nunca ter sofrido pressões para optar pelo FGTS.
(LÉO GERCHMANN)


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