São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

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Mesmo com o PAC, Tesouro projeta crescimento menor a partir de 2011

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) não animou os técnicos do Tesouro Nacional: em suas projeções oficiais de longo prazo o crescimento sustentável da economia só vai até 2010, quando acontecerá o ápice do PIB nas próximas três décadas segundo essas mesmas previsões.
A partir de 2011 -primeiro ano de governo do sucessor de Lula-, a evolução da economia será medíocre.
Projeções divulgadas ontem pelo Tesouro Nacional apostam que a economia brasileira vai crescer 4,5% neste ano e depois 5% anualmente até 2010. Exatamente o que prevê o PAC em sua matemática para "dar certo". Depois, a taxa cai em 2011 (3,65%), 2012 (3,63%), 2013 (3,51%), indo assim até 2041 (1,87%).
A previsão de crescimento do PIB integra uma tabela de projeção atuarial da Previdência Social publicada ontem no "Diário Oficial" da União. A responsabilidade legal pela divulgação dos dados, segundo o Ministério da Fazenda, é da Secretaria do Tesouro Nacional. A publicação está prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal.
A Folha questionou a secretaria por que as taxas de crescimento desabavam depois de 2010. Ouviu que a origem dos dados era a Previdência Social.
Procurado pela reportagem, a Previdência confirmou que fez as previsões e justificou os baixos índices como uma cautela necessária. Seu cálculo leva em conta só o crescimento da população ativa e a sua entrada no mercado de trabalho.
A Fazenda seria responsável, de acordo com a Previdência, pela elaboração de uma grade de parâmetros, com mais variáveis -inflação, investimentos etc. A Secretaria do Tesouro não confirmou o método de cálculo, mas disse que todos os gráficos são de sua responsabilidade legal.
O objetivo de tornar estas informações públicas é dar mais transparência aos números do governo. Mas os dados aparentam tanto descolamento da realidade que o mercado não dá muita atenção às previsões.
Para o economista-chefe da Mauá Investimentos, Caio Megale, "é irresponsável fazer projeção de crescimento acima de 3,5%", tanto no curto quanto no longo prazo".
"O PAC não é um estímulo suficiente para mudar o patamar de 3%, 3,5% de crescimento para 4,5%, 5%", disse Roberto Padovani, economista-chefe do WestLB no Brasil.
"O PAC terá pouco impacto sobre o crescimento. Algumas medidas estavam em vigor e outras são difíceis de implementar", afirmou Guilherme Loureiro, da Tendências.


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