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Mesmo com o PAC, Tesouro projeta crescimento menor a partir de 2011
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) não animou os técnicos do Tesouro
Nacional: em suas projeções
oficiais de longo prazo o crescimento sustentável da economia só vai até 2010, quando
acontecerá o ápice do PIB nas
próximas três décadas segundo
essas mesmas previsões.
A partir de 2011 -primeiro
ano de governo do sucessor de
Lula-, a evolução da economia
será medíocre.
Projeções divulgadas ontem
pelo Tesouro Nacional apostam que a economia brasileira
vai crescer 4,5% neste ano e depois 5% anualmente até 2010.
Exatamente o que prevê o PAC
em sua matemática para "dar
certo". Depois, a taxa cai em
2011 (3,65%), 2012 (3,63%),
2013 (3,51%), indo assim até
2041 (1,87%).
A previsão de crescimento do
PIB integra uma tabela de projeção atuarial da Previdência
Social publicada ontem no
"Diário Oficial" da União. A responsabilidade legal pela divulgação dos dados, segundo o Ministério da Fazenda, é da Secretaria do Tesouro Nacional. A
publicação está prevista na Lei
de Responsabilidade Fiscal.
A Folha questionou a secretaria por que as taxas de crescimento desabavam depois de
2010. Ouviu que a origem dos
dados era a Previdência Social.
Procurado pela reportagem,
a Previdência confirmou que
fez as previsões e justificou os
baixos índices como uma cautela necessária. Seu cálculo leva em conta só o crescimento
da população ativa e a sua entrada no mercado de trabalho.
A Fazenda seria responsável,
de acordo com a Previdência,
pela elaboração de uma grade
de parâmetros, com mais variáveis -inflação, investimentos
etc. A Secretaria do Tesouro
não confirmou o método de
cálculo, mas disse que todos os
gráficos são de sua responsabilidade legal.
O objetivo de tornar estas informações públicas é dar mais
transparência aos números do
governo. Mas os dados aparentam tanto descolamento da
realidade que o mercado não
dá muita atenção às previsões.
Para o economista-chefe da
Mauá Investimentos, Caio Megale, "é irresponsável fazer
projeção de crescimento acima
de 3,5%", tanto no curto quanto no longo prazo".
"O PAC não é um estímulo
suficiente para mudar o patamar de 3%, 3,5% de crescimento para 4,5%, 5%", disse Roberto Padovani, economista-chefe
do WestLB no Brasil.
"O PAC terá pouco impacto
sobre o crescimento. Algumas
medidas estavam em vigor e
outras são difíceis de implementar", afirmou Guilherme
Loureiro, da Tendências.
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