São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


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CERVEJAS
Cintra, Malta, Belco e Krill informam que não têm hoje dinheiro em caixa para adquirir a marca
Para pequenos, ter a Bavaria é "sonho"

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

As cervejarias que, por decisão do Cade, poderiam ser as potenciais candidatas à compra da Bavaria, marca que pertence agora à AmBev, consideram "um sonho" a possibilidade de um dia virem a ser donas da Bavaria, que detém 4,7% do mercado.
A pergunta das cervejarias é uma só: se elas detêm uma participação menor de mercado, como podem comprar uma marca que tem maior fatia e ainda dar conta da produção e da distribuição? "Teria de haver um investimento alto", elas mesmas respondem.
Das quatro marcas que detêm cada uma menos de 5% do mercado de cerveja (Cintra, Malta, Belco e Krill), e que, por isso, como estabelece o Cade, podem adquirir a Bavaria, apenas a Cintra, de origem portuguesa, informa que "pode estudar o caso".
A Cervejarias Cintra, de Mogi Mirim (SP), tem pouco mais de dois anos no mercado brasileiro, do qual estima participar com 1,8%. "Nosso grupo é forte. Depende de estudar a proposta", afirma Wilson Tomao, diretor.
A Cintra diz estar no Brasil para crescer. A fábrica de Mogi faz 150 milhões de litros de cerveja por ano. Vai inaugurar uma outra no Rio de Janeiro no final deste ano para fabricar, numa primeira fase, 300 milhões de litros anuais, e a partir do ano que vem, 600 milhões de litros anuais.
A empresa tem planos para a construção de mais quatro unidades no país, onde está investindo R$ 260 milhões (apenas em duas fábricas). "A idéia é ter plantas novas, mas podemos estudar a compra de fábricas já existentes."
Mauro Mazzaro, analista de investimentos da corretora de valores Planner, diz que a cervejaria que adquirir a Bavaria terá que estar preparada para no mínimo manter a sua participação de mercado. "Para quem tem menos de 2% do mercado de cerveja passar a ter 6% do dia para a noite não é fácil."
A Cervejaria Malta, de Assis (SP), estima deter 1,5% da venda de cervejas no país; a Belco, de São Manuel (SP), 1%, e a Krill, de Socorro (SP), entre 0,5% e 0,6%.
"Quem falar que não quer a Bavaria está mentindo. Só que nós pequenos não temos condições de comprá-la", afirma Regis Waki, gerente de marketing da Krill. "Só se for para pagar num prazo longo e em suaves prestações."
A Schincariol, que estima deter 9% do mercado, e que por isso está fora da disputa pela Bavaria, ficou surpresa com a decisão do Cade de restringir os potenciais compradores da marca e determinar a venda de fábricas.
"Essa venda é altamente conveniente à AmBev. É uma situação inadmissível numa economia de livre mercado", diz Francisco Martins, gerente de vendas.


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