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CERVEJAS
Cintra, Malta, Belco e Krill informam que não têm hoje dinheiro em caixa para adquirir a marca
Para pequenos, ter a Bavaria é "sonho"
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
As cervejarias que, por decisão
do Cade, poderiam ser as potenciais candidatas à compra da Bavaria, marca que pertence agora à
AmBev, consideram "um sonho"
a possibilidade de um dia virem a
ser donas da Bavaria, que detém
4,7% do mercado.
A pergunta das cervejarias é
uma só: se elas detêm uma participação menor de mercado, como
podem comprar uma marca que
tem maior fatia e ainda dar conta
da produção e da distribuição?
"Teria de haver um investimento
alto", elas mesmas respondem.
Das quatro marcas que detêm
cada uma menos de 5% do mercado de cerveja (Cintra, Malta,
Belco e Krill), e que, por isso, como estabelece o Cade, podem adquirir a Bavaria, apenas a Cintra,
de origem portuguesa, informa
que "pode estudar o caso".
A Cervejarias Cintra, de Mogi
Mirim (SP), tem pouco mais de
dois anos no mercado brasileiro,
do qual estima participar com
1,8%. "Nosso grupo é forte. Depende de estudar a proposta",
afirma Wilson Tomao, diretor.
A Cintra diz estar no Brasil para
crescer. A fábrica de Mogi faz 150
milhões de litros de cerveja por
ano. Vai inaugurar uma outra no
Rio de Janeiro no final deste ano
para fabricar, numa primeira fase,
300 milhões de litros anuais, e a
partir do ano que vem, 600 milhões de litros anuais.
A empresa tem planos para a
construção de mais quatro unidades no país, onde está investindo
R$ 260 milhões (apenas em duas
fábricas). "A idéia é ter plantas
novas, mas podemos estudar a
compra de fábricas já existentes."
Mauro Mazzaro, analista de investimentos da corretora de valores Planner, diz que a cervejaria
que adquirir a Bavaria terá que
estar preparada para no mínimo
manter a sua participação de
mercado. "Para quem tem menos
de 2% do mercado de cerveja passar a ter 6% do dia para a noite
não é fácil."
A Cervejaria Malta, de Assis
(SP), estima deter 1,5% da venda
de cervejas no país; a Belco, de
São Manuel (SP), 1%, e a Krill, de
Socorro (SP), entre 0,5% e 0,6%.
"Quem falar que não quer a Bavaria está mentindo. Só que nós
pequenos não temos condições
de comprá-la", afirma Regis Waki, gerente de marketing da Krill.
"Só se for para pagar num prazo
longo e em suaves prestações."
A Schincariol, que estima deter
9% do mercado, e que por isso está fora da disputa pela Bavaria, ficou surpresa com a decisão do
Cade de restringir os potenciais
compradores da marca e determinar a venda de fábricas.
"Essa venda é altamente conveniente à AmBev. É uma situação
inadmissível numa economia de
livre mercado", diz Francisco
Martins, gerente de vendas.
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