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FREIO PUXADO
Indústrias de eletroeletrônicos, têxtil e construção civil devem sofrer mais com queda na renda do consumidor
Ano será difícil para quem só vende no país
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria que depende das
vendas no mercado interno vai
passar apuros neste ano. A política monetária do governo, que
mantém os juros elevados e o crédito mais escasso, desestimula o
consumo e, como consequência,
a produção e o emprego.
Um dos setores mais afetados
por esse atual ambiente macroeconômico é o eletroeletrônico. "A
situação não está nada boa para o
o setor. As vendas no primeiro
trimestre deste ano foram menores do que as de igual período do
ano passado e não conseguimos
enxergar recuperação", diz Paulo
Saab, presidente da Eletros, associação dos fabricantes.
A pressão de custos enfrentada
pelas empresas complicou as negociações entre elas e os clientes.
A Eletros informa que a indústria
de papel, papelão e embalagens
aumentou entre 30% e 80% os
preços no ano passado e quer negociar mais reajustes neste ano.
Os fabricantes de aços planos já
aumentaram 63% os preços no
ano passado e agora querem negociar novos reajustes -entre
9% e 15%. "A indústria corre o
risco de ter de reduzir a produção
se não for possível conter esses
aumentos ou repassá-los para o
comércio", afirma Saab.
A indústria têxtil que depende
apenas do consumidor brasileiro
vai ter um ano duro. Esse setor
também se abala muito fortemente com a queda na renda do
consumidor, que, se tiver de escolher, prefere comer a comprar
uma roupa nova.
Clarice Messer, diretora da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), cita ainda o setor químico como um dos
que serão afetados pela retração
da economia brasileira, especialmente por ser muito dependente
da nafta (matéria-prima derivada
do petróleo).
Fábio Silveira, economista da
MB Associados, diz que o setor de
construção civil é outro que está
numa encruzilhada. Tem de enfrentar a alta de preços de matérias-primas, que pressionam os
custos, e as elevadas taxas de juros, que afugentam os clientes.
"A construção de imóveis residenciais deve ficar estagnada neste ano porque o consumidor está
desestimulado com os juros. As
grandes obras também não devem ser realizadas porque o setor
público continua com baixa capacidade de financiamento",
afirma Silveira. (FF)
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