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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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FREIO PUXADO

Indústrias de eletroeletrônicos, têxtil e construção civil devem sofrer mais com queda na renda do consumidor

Ano será difícil para quem só vende no país

DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria que depende das vendas no mercado interno vai passar apuros neste ano. A política monetária do governo, que mantém os juros elevados e o crédito mais escasso, desestimula o consumo e, como consequência, a produção e o emprego.
Um dos setores mais afetados por esse atual ambiente macroeconômico é o eletroeletrônico. "A situação não está nada boa para o o setor. As vendas no primeiro trimestre deste ano foram menores do que as de igual período do ano passado e não conseguimos enxergar recuperação", diz Paulo Saab, presidente da Eletros, associação dos fabricantes.
A pressão de custos enfrentada pelas empresas complicou as negociações entre elas e os clientes. A Eletros informa que a indústria de papel, papelão e embalagens aumentou entre 30% e 80% os preços no ano passado e quer negociar mais reajustes neste ano.
Os fabricantes de aços planos já aumentaram 63% os preços no ano passado e agora querem negociar novos reajustes -entre 9% e 15%. "A indústria corre o risco de ter de reduzir a produção se não for possível conter esses aumentos ou repassá-los para o comércio", afirma Saab.
A indústria têxtil que depende apenas do consumidor brasileiro vai ter um ano duro. Esse setor também se abala muito fortemente com a queda na renda do consumidor, que, se tiver de escolher, prefere comer a comprar uma roupa nova.
Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), cita ainda o setor químico como um dos que serão afetados pela retração da economia brasileira, especialmente por ser muito dependente da nafta (matéria-prima derivada do petróleo).
Fábio Silveira, economista da MB Associados, diz que o setor de construção civil é outro que está numa encruzilhada. Tem de enfrentar a alta de preços de matérias-primas, que pressionam os custos, e as elevadas taxas de juros, que afugentam os clientes.
"A construção de imóveis residenciais deve ficar estagnada neste ano porque o consumidor está desestimulado com os juros. As grandes obras também não devem ser realizadas porque o setor público continua com baixa capacidade de financiamento", afirma Silveira. (FF)

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