UOL


São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FOLHA INVEST

MERCADO FINANCEIRO

Ibovespa resiste à faixa de 12 mil pontos, da qual se aproxima; dólar não cairia abaixo de R$ 3,30

Para analistas, otimismo na Bolsa tem limite

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado parece só olhar para as boas notícias internas. Essa é avaliação de analistas. Mas o clima róseo, pelo menos para a Bolsa, deve encontrar resistência se romper os 12 mil pontos, 12.400 pontos, dizem.
Apesar do ajuste no excessivo otimismo, de uma parcela do mercado, com a evolução da guerra, a Bolsa de Valores de São Paulo subiu 0,17% na semana e fechou na sexta-feira passada aos 11.396 pontos.
"Se a Bolsa fechar em alta hoje, como na sexta-feira, terá acumulado valorização de 11% em março. Já está bem esticada. Não consegue passar da faixa de 12 mil pontos. Não tem combustível para isso", diz Jorge Simino, diretor do Unibanco Asset Management.
"A Bolsa ainda não tem tendência definida e encontra resistência muito forte entre 12 mil e 12.500 pontos", concorda Gregório Rodriguez, da corretora Socopa.
Com a percepção de que a guerra poderá durar mais do que esperavam estrategistas americanos e com as tropas de coalizão se aproximando de Bagdá, alguns analistas temem uma virada de humor.
Mas até sexta-feira o mercado, segundo analistas, vinha operando numa espécie de piloto automático otimista. "As boas notícias são levadas em consideração e as más são deixadas um pouco de lado", disse um operador.
Nos mercados de juros e câmbio, segundo analistas, ainda há espaço para melhora, se continuarem as captações externas e se a inflação acentuar a sua queda.

Inflação
A inflação não é a ideal, mas está caindo, o que afastaria, por ora, a possibilidade de que o BC venha a exercer o viés de alta.
Nesta semana sai o relatório de inflação do Banco Central, relativo ao primeiro trimestre de 2003. O documento deverá abordar as hipóteses dos cenários alternativos, que constaram na última ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada pela autoridade monetária.
Na quinta-feira, será divulgado o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe do mês de março. Analistas prevêem que o indicador fique entre 0,7% e 1%, contra um resultado anterior de 1,61%.
"Se vier em torno de 1,2%, azeda. Quebra a sequência positiva e volta o risco de uso do viés", afirma Simino.
Executivos de bancos também demonstraram dificuldade em explicar a razão do bom humor na formação da taxa de câmbio. O dólar tem queda acumulada de 5,68% neste mês.
Uma razão seria que, se a queda não deriva do componente fluxo (dólar que entra e que sai), que ficou negativo em fevereiro, só poderia ser creditada a expectativas.
"Com a melhora no cenário, com apreciação do real, o viés não será usado, e a taxa de juros pode cair nos próximos meses. A avaliação parece ser que o pior já passou e empresas estrangeiras estariam desmontando hedge", afirma Simino.
Apesar de ainda haver espaço para valorização do real, a taxa de câmbio cairia no máximo a R$ 3,30, dizem analistas. Mais que isso, só se o fluxo de investimentos crescer.

Títulos cambiais
Abril é o mês que concentra o maior volume de rolagem de títulos cambiais, cerca de R$ 4,3 bilhões. Segundo analistas, as rolagens não preocupam tanto quanto no ano passado.
"A parcela da dívida que vencia no dia 1º, de cerca de R$ 3 bilhões, já foi rolada. O ambiente era de estresse, e optou-se for fazer rolagem integral", diz Simino.
O restante, de valor considerado pequeno, vence na segunda quinzena do mês.

Texto Anterior: Exportadores já firmados serão vedetes de novo
Próximo Texto: Artigo: Ascensão e queda das marcas americanas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.