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G20 promete saída "verde" para a crise
Maiores economias do planeta veem oportunidade de transição rumo a tecnologias mais sustentáveis, diz comunicado
Esboço de documento final da Cúpula de Londres, que vazou no domingo, fala em regulação dos mercados
e crédito a emergentes
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Mergulhados em uma crise
que eles próprios definem como "o maior desafio para a economia mundial nos tempos
modernos", os líderes das
maiores economias do planeta
(o G20) anunciam um futuro
luminoso, na forma de "uma recuperação verde", por meio de
um transição rumo "a tecnologias e infraestruturas inovadoras, eficientes no uso de recursos [naturais]".
É o que diz o esboço de documento final da Cúpula de Londres, a realizar-se nesta quinta-feira, adiantado no domingo
pela edição eletrônica do "Financial Times", que trouxe pânico aos negociadores do texto.
Os líderes listam o conjunto
de ações adotadas para enfrentar a crise e dizem esperar que
elas conduzam à retomada do
crescimento até o final de 2010,
calendário contestado por países em desenvolvimento, que
acham que se recuperarão antes. Os principais pontos do
rascunho divulgado pelo jornal
"Financial Times" são estes:
CRESCIMENTO
"Comprometemo-nos a desenvolver a escala de esforço
sustentado necessária para restaurar o crescimento e assegurar a sustentabilidade fiscal no
longo prazo."
JUROS
"Nossos bancos centrais se
comprometeram a manter políticas expansionistas pelo tempo que for necessário, usando
todo o arco de instrumentos de
política monetária, incluindo
instrumentos não convencionais, consistentes com a estabilidade dos preços."
Traduzindo: juros roçando o
zero pelo tempo que for necessário. E instrumentos heterodoxos como imprimir dinheiro
para injetá-lo diretamente na
economia numa espécie de safena que supere o estrangulamento das artérias entupidas
do sistema financeiro.
EMERGENTES
O comunicado promete disponibilizar recursos, a serem
ainda quantificados até quinta-feira, para o financiamento de
países emergentes e em desenvolvimento, que "foram o motor do crescimento recente do
mundo, [mas] agora estão enfrentando choques que ameaçam a sua estabilidade e prejudicam a economia global".
Além disso, os governantes
prometem liberar nos próximos dois anos uma quantia ainda não especificada para financiamento do comércio, por
meio das agências de exportação e de investimento e dos
bancos multilaterais de desenvolvimento.
COMÉRCIO
O texto reafirma o compromisso da cúpula de Washington de "não levantar novas barreiras para o investimento ou o
comércio de bens e serviços,
não impor novas restrições ao
comércio e não criar novos subsídios às exportações".
O G20 também se compromete, como o fizera em Washington, a "alcançar um rápido
acordo, na base dos progressos
já feitos, [...] que levem a uma
conclusão bem-sucedida da
Rodada Doha, que produziria
um estímulo para a economia
global de ao menos US$ 150 bilhões por ano".
SISTEMA FINANCEIRO
O comunicado anuncia uma
ampla revisão do sistema de regulação/supervisão de entidades financeiras, cobrindo todos
os setores, inclusive paraísos
fiscais e agências de avaliação
de risco.
Mas não define se haverá um
grande regulador/supervisor
global ou se predominarão as
instâncias nacionais.
Diz apenas que os líderes "reconhecem a importância de assegurar que nossos sistemas regulatórios domésticos sejam
fortes", mas acrescenta: "Um
sistema financeiro globalizado
também requer maior consistência e cooperação sistemática entre países, baseada em padrões elevados e internacionalmente acordados".
O texto trata também do sistema de pagamentos e compensações nas instituições financeiras, para que "recompensem a performance real,
respaldem crescimento sustentável e evitem excessiva tomada de riscos".
Traduzindo: a remuneração
dos diretores de instituições
não deve premiar apostas arriscadas nem deixar de refletir o
desempenho da firma.
FMI
O documento deixa claro que
o Fundo Monetário Internacional assumirá um novo e relevante papel, seja como financiador de última instância, seja
como "supervisor independente da economia mundial" para
"prevenir e resolver crises, promover o crescimento e a redução da pobreza".
Para tanto, sua governança
será modificada para que "economias emergentes e em desenvolvimento, inclusive as
mais pobres, tenham mais voz"
(vale para o Banco Mundial).
Mas o texto até agora não estabelece qual será o aumento
de recursos para o Fundo, hoje
limitados a US$ 250 bilhões.
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