São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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SOCORRO

Chefe da missão ao país elogia o BC por ter interrompido o corte dos juros

Avanço da inflação preocupa o FMI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A aceleração da inflação foi o tema que preocupou a missão do FMI (Fundo Monetário Internacional), que encerrou ontem a oitava revisão do acordo com o Brasil. "No fronte da inflação houve alguns pequenos aumentos, mas esperamos que esse crescimento seja temporário", disse o chefe da missão ao país, Charles Collyns, ao ser questionado sobre quais pontos teriam preocupado a instituição nas discussões com as autoridades brasileiras.
Collyns afirmou, no entanto, que até o final do ano o Banco Central deverá ter espaço para promover novos cortes dos juros. Ele elogiou a atual política do BC, que desde abril suspendeu a trajetória de redução da Selic (taxa básica de juros da economia).
"É apropriado que o Banco Central tenha interrompido os cortes dos juros", disse ele. "Nossa expectativa é que, até o final do ano, deverá haver espaço para o BC retomar a redução dos juros, uma vez que a inflação esteja sobre controle", completou. Na opinião de Collyns, o BC adotou uma atitude apropriada e cautelosa.
A trajetória da inflação foi a única observação negativa que Collyns fez durante sua passagem por Brasília. Ontem, após se reunir com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), ele disse que recomendará à diretoria da instituição que aprove a oitava revisão do acordo com o Brasil.
"Todos os critérios de performance e metas foram cumpridos", declarou Collyns. Segundo ele, a diretoria do Fundo deve se reunir no final de setembro para aprovar formalmente a revisão. "Não esperamos nenhum problema [para a aprovação]. As coisas vão caminhar muito bem, dada a boa performance do governo", disse ele, que elogiou a agenda de reformas do país.
Nesse primeiro semestre, o governo cumpriu com folga a sua principal meta com o FMI -o superávit primário (economia de receitas para o pagamento de juros) de 4,25% do PIB.
Dados divulgados ontem pelo BC mostram que o Brasil economizou R$ 13,583 bilhões a mais do que o necessário para cumprir o acordo com o Fundo. "Nós fizemos uma avaliação muito positiva da economia", disse Collyns.
Com a aprovação da revisão, o Brasil poderá sacar cerca de US$ 1,3 bilhão do Fundo. O atual acordo envolve empréstimos de cerca de US$ 40,1 bilhões. O governo, no entanto, não tem usado o dinheiro disponível e afirma que o atual acordo é apenas preventivo.


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