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EM TRANSE
Cenário político mais tranquilo ajudou a derrubar a moeda norte-americana; risco-país também teve queda
Dólar cai 2% e fecha a semana em R$ 3,01
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um cenário político-econômico
mais tranquilo para os negócios
levou o dólar a encerrar a semana
com desvalorização de 3,22%.
A moeda norte-americana caiu
2,02% ontem, vendida a R$ 3,01.
Durante o dia, chegou a ser negociada a R$ 2,99, abaixo dos R$ 3,
portanto.
O risco-país brasileiro, calculado pelo JP Morgan, caiu mais
1,7% ontem, para 1.633 pontos.
Na semana, a queda foi de 11,49%.
Mais do que boas notícias, o fluxo positivo definiu o dólar mais
barato ontem. Segundo operadores do mercado financeiro, houve
um ingresso de recursos de cerca
de US$ 400 milhões vindos, de
acordo com as informações desses profissionais, do Citibank.
Também colaborou para a calmaria o anúncio da Goldman
Sachs, que elevou a sua classificação para o Brasil.
As mudanças nas regras dos leilões de linha de crédito também
agradaram aos analistas.
O BC vai permitir o acesso de
instituições financeiras não-cadastradas com a autoridade monetária às linhas de crédito para
exportação por meio dos "dealers" (bancos autorizados a operar com o BC). A medida vigora a
partir da terça-feira.
"As mudanças que o BC fez hoje
[ontem" nos critérios de distribuição das linhas de crédito para exportação mostraram que o governo está atento às reclamações do
mercado, o que melhorou o clima
e favoreceu a baixa do dólar hoje
[ontem"", afirma Clive Botelho,
diretor de investimentos do banco Santos.
Pelo segundo dia consecutivo
houve fracasso no leilão de linhas
de crédito para a exportação.
Prosseguiu no mercado ontem
a especulação com o resultado de
pesquisas eleitorais que serão divulgadas no final de semana.
O mercado espera que as sondagens tragam nova melhora no desempenho do candidato do governo, José Serra (PSDB). Os boatos falavam que Serra empataria
com Ciro Gomes (PPS) ou assumiria o segundo lugar.
O candidato do PSDB é o preferido dos investidores por representar, em sua visão, a continuidade da atual política econômica.
Há dias, o mercado chegou a considerá-lo fora da disputa.
Mudança de rumo
A notícia desta semana, de que
Serra cresceu nas pesquisas com a
propaganda na TV, já faz com que
alguns analistas acreditem que as
perspectivas para o Brasil possam
voltar a ser otimistas.
"Se o cenário eleitoral continuar
tranquilo para o mercado, poderemos ter um cenário menos nebuloso, com o dólar acentuando a
queda", afirma Wilson Ramião,
economista do Lloyds TSB.
Ele avalia que é sempre mais fácil o mercado comprar uma expectativa negativa do que uma
positiva. "O dólar sobe de elevador, mas desce de escada."
O fato de o BC ter rolado 91% da
dívida cambial que vence na segunda-feira também foi fundamental para que o dólar perdesse
sua força de alta na semana.
Segundo analistas, a moeda poderá cair mais nos próximos dias
com a perspectiva da volta do crédito internacional ao Brasil, o melhor desempenho de Serra e também pelo fato de que em setembro os vencimentos dos setores
público e privado são bastante reduzidos. Desde que começou a
vender dólares tirados das reservas internacionais do país para financiar os exportadores, o BC já
gastou US$ 438,5 milhões.
Somados com as intervenções
feitas no mercado de câmbio, os
gastos do BC neste mês chegam a
cerca de US$ 2,2 bilhões.
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