São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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BC muda regra para tentar manter financiamento para exportadores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central vai deixar de oferecer US$ 100 milhões por dia ao mercado para financiar empresas exportadoras. Além disso, tornou mais flexíveis as regras desses leilões. Nos últimos dois dias, as ofertas do BC fracassaram por falta de interesse dos bancos em participar da operação.
O BC aumentou o prazo dado aos bancos para que os recursos fossem efetivamente repassados às empresas e autorizou que um número maior de bancos participem dos leilões. Nos últimos dois dias, o BC ofereceu US$ 200 milhões em linhas de crédito, mas nenhuma venda foi fechada.
Na semana passada, o BC havia anunciado que pretendia vender US$ 2 bilhões aos bancos, que deveriam usar os recursos para financiar as exportações brasileiras. Em leilões periódicos, seriam vendidos dólares para os 25 bancos autorizados a fazer operações com o BC -conhecidos no mercado como "dealers". Essas instituições, por sua vez, teriam até cinco dias para repassar os recursos às empresas.
A partir de terça-feira, os bancos terão sete dias para repassar o dinheiro para os exportadores. Além disso, todos os bancos poderão participar dos leilões, e não apenas os "dealers".
O BC também deve reduzir o prazo máximo estipulado para os financiamentos concedidos pelos bancos a empresas. O prazo, que era de seis meses, agora vai ser definido a cada leilão. Na oferta de ontem, o prazo foi de quatro meses. Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, a periodicidade e o volume das ofertas será decididas de acordo com a demanda.
Figueiredo disse que a intenção é colocar no mercado, na semana que vem, um "volume importante" de dólares que devem financiar as exportações, mas não especificou qual seria esse montante. O objetivo do BC é vender pelo menos US$ 2 bilhões, que serão repassados às empresas.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes, rebateu as principais críticas feitas por analistas de mercado sobre a atuação da instituição na área do crédito às exportações.
Parnes negou que a falta de interesse dos bancos em participar dos últimos leilões signifique que a estratégia do BC tenha fracassado. Também disse que os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos às empresas não são elevados.
Para Parnes, a falta de demanda pelas linhas de crédito oferecidas é um sinal de que o mercado está se normalizando, tornando a ação do BC menos necessária. Parnes disse ainda que os bancos cobram juros de aproximadamente 3% ao ano -além da remuneração cobrada pelo BC, de cerca de 4%- nos empréstimos aos bancos, o que não seria uma taxa elevada.


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