São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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Mudança agrada mas crédito deve ficar mais caro

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As mudanças feitas pelo Banco Central nas regras para a concessão de linhas para exportação agradaram ao mercado. No entendimento de economistas e analistas financeiros, a possibilidade de um número maior de bancos ter acesso às linhas deve ajudar a distribuir melhor o crédito entre os exportadores. Mas, ressalvam, as taxas podem subir.
O BC decidiu que, a partir de terça, os "dealers" -25 bancos credenciados pelo BC- poderão repassar crédito para outras instituições financeiras.
Uma das reclamações do mercado era que muitas instituições que não são "dealers" têm importante participação na concessão de crédito às exportações.
"Quem não é "dealer" e opera fortemente no segmento de exportação estava ansioso para que o BC tomasse essa decisão", afirma Norberto Valdrigue, diretor-executivo da área internacional do banco BMC. "Mas isso pode encarecer um pouco mais os custos para os exportadores, pois deve haver um prêmio que os "dealers" cobrarão para repassar as linhas para os outros bancos."
Uma das queixas recorrentes nos últimos dias era que as linhas estavam chegando muito caras aos exportadores.
Ontem, pelo segundo dia, não houve operações fechadas no leilão de linhas realizado pelo BC. Para a oferta de US$ 100 milhões, a demanda foi de apenas US$ 33 milhões, a menor desde o início dos leilões, há uma semana.

Maior procura
Para analistas, na próxima semana a demanda deve crescer, como reflexo do número maior de canais de distribuição dos recursos. A partir de agora, o BC deixará de ofertar US$ 100 milhões diariamente, como fez nos últimos dias. O volume ofertado nos leilões será decidido a partir do tamanho da procura pelas linhas.
"Mas ainda falta o BC mudar o critério que calcula o volume que os bancos podem pegar das linhas de exportação que estão sendo leiloadas", diz Valdrigue. O montante a que os bancos podem ter acesso nos leilões é relativo ao volume de linhas de exportação que concederam nas últimas quatro semanas, período em que as operações no segmento já estavam bastante restritas.
Para Angelo Vasconcellos, diretor de câmbio do Unibanco, "os ajustes feitos pelo BC são muito positivos e devem ajudar a ampliar a oferta" em um mercado carente de linhas de crédito.


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