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Patrimônio das Bolsas em todo o mundo cai ao pior nível desde 2000
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As Bolsas de Valores de todo o
mundo tiveram em julho passado
seu pior desempenho desde dezembro de 2000. O valor de mercado total das 33 principais Bolsas
caiu 7,2% no mês passado, em relação a junho. E, apesar da pequena recuperação ensaiada em
agosto, boa parte da riqueza perdida- que somava em julho US$
12,8 trilhões desde março de
2000-não deverá ser recuperada.
Um sinal de que alguns prejuízos sofridos podem ser irreversíveis é o comportamento da Nasdaq, Bolsa que reúne ações de empresas de tecnologia nos Estados
Unidos. Novamente, em julho, a
Nasdaq voltou a cair no ranking
das maiores Bolsas do mundo, indo parar, desta vez, no quarto lugar ao ser ultrapassada pelo mercado de Londres.
Desde março de 2000, a Nasdaq
foi a Bolsa que mais perdeu patrimônio. O recuo em seu valor de
mercado já soma US$ 4,39 bilhões. Segundo Fernando Ferreira, sócio da consultoria Global Invest, responsável pela pesquisa
que revela todos esses dados, ficou provado que as altas do mercado de tecnologia não eram sustentáveis, a maior parte das empresas nunca chegou a dar lucros
e muitas fecharam. Esses prejuízos não serão recuperados.
Mas a Nasdaq não foi a única
responsável pela derrocada no valor de mercado das Bolsas de Valores. A crise corporativa provocada pela onda de fraudes contábeis também provocou ajustes
que levaram os mercados para
outro patamar. Os investidores
também sofreram prejuízos na
Argentina, o que os afastou dos
mercados emergentes, principalmente os da América Latina.
Por tudo isso, o mercado mundial de ações teve mudanças que
deverão durar muitos anos, segundo analistas. Inácio Ponchet,
gestor de renda variável do banco
CSFB (Credit Suisse First Boston),
diz que os investidores não querem mais saber de altos riscos,
apesar da baixa remuneração
conseguida nos investimentos em
renda fixa. Acabou o período de
grandes oscilações.
"Ninguém quer saber de risco. E
todas as Bolsas de Valores implicam riscos hoje", diz Ponchet.
Segundo o analista, até a ameaça de perder empregos tem contado para a moderação nos investimentos. Isso tem freado, por
exemplo, as decisões de se aplicar
dinheiro no Brasil.
"Se você apostar em algo que
parecia tão óbvio que daria errado-como o Brasil neste momento- e acabar perdendo dinheiro,
certamente também perderá o
emprego", afirma Ponchet.
Por isso, segundo o analista,
tem prevalecido a idéia de que é
melhor comprar ativos mais caros no futuro, mas em um momento em que já exista uma tendência clara de recuperação.
Em agosto, os mercados chegaram a ensaiar o que parecia uma
volta por cima, mas ainda não há
tendências claras. A Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo),
que vinha liderando a lista dos
piores resultados nos últimos três
meses, está com o melhor desempenho em agosto, entre as 33 Bolsas acompanhadas pela Global Invest. A alta em dólar acumulada até a última quinta-feira era de,
aproximadamente, 20%.
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