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VINICIUS TORRES FREIRE
Mudanças na economia
Presidente reeleito passou o
dia a se irritar com sugestões
de assessores e ministros de
que virão mudanças radicais
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URNAS FECHADAS , a especulação agora é sobre ministeriáveis e condestáveis do Congresso.
No governo, por ora há apenas disputa pública entre os que fazem
campanha pelo "pé no acelerador
desenvolvimentista", por mais crescimento, sem atenção "neurótica" a
inflação e gastos, e entre "técnicos"
que desde agosto já pensavam em
como tornar menos fictício o Orçamento de 2007.
O "acabou a era Palocci", slogan
que Tarso Genro lançou com as urnas ainda quentes, em si não significa nada, nem em termos de conteúdo sobre o que foi a gestão do ex-ministro da Fazenda nem sobre planos
de futuro. Lula passou o dia de ontem a desautorizar esses "radicalismos" e a se irritar com quem fala em
mudanças antes que ele mesmo se
manifeste sobre o assunto.
As poucas mudanças em estudo
que dependem de reformas constitucionais serão apresentadas quando o governo souber melhor com o
que pode contar no futuro Congresso (por exemplo, reduzir em parte as
vinculações que carimbam o destino
de certos gastos do governo, como
em saúde e educação).
A única diretriz clara, por ora, é
aquela definida pelo ciclo eleitoral:
em 2007 e 2008 não haverá os aumentos de gastos com servidores e
Previdência vistos em 2006. O resto
depende das composições políticas
fora e dentro do governo: depende
da política de Lula da Silva.
Lula gostaria de ter "nomões" no
governo. Exemplo: um outro empresário como o ministro Luiz Fernando Furlan. O rumor agora é sobre Jorge Gerdau, o líder empresarial mais influente e discreto fora da área financeira. Mas para onde iria
Gerdau?
Decerto os próximos de Lula
apóiam a linha pé no acelerador: Dilma Rousseff (porém bem pragmática) e Guido Mantega, seguidos pelo
mais neutro Gilberto Carvalho e depois por Tarso Genro e Marco Aurélio Garcia. Do outro lado, Henrique
Meirelles, o Banco Central e parte
dos "técnicos", o segundo escalão
econômico, que produz as mágicas e
os milagres que dão algum sentido
aos planos políticos.
Lula disse no discurso da vitória
que a política fiscal será "dura", mas
não vai sacrificar o "povo" com
"ajustes pesados": a solução é arrecadar mais com mais crescimento.
Na opinião do pessoal do "pé no
acelerador", mais crescimento depende de mexidas no BC. Há argumentos razoáveis para mexer no BC.
Mas o que quer dizer "mexer"? Há
diretores já bem irritados com o
chumbo que levaram nos últimos
três anos. Querem sair, alguns até
estimulados por motivos pessoais.
Mas fulminar sem mais alguns diretores conservadores, ou mesmo
Meirelles, é imprudência. "Mexer"
no BC é como fazer cirurgia neurológica em pacientes frágeis, caso da
economia brasileira. É delicado e
pode acabar em danos graves e imprevistos. Se o "mercado" considerar que, em vez de neurologistas, vão tratar o doente com curandeiros, o
caldo engrossa e os juros sobem.
A mudança teria de ser gradual.
Mais importante seriam modificações institucionais, de médio prazo,
no sistema de metas e medidas de
inflação e nas regras da composição
do comitê de política monetária.
Mas este governo vai ser capaz de
promover alguma mudança institucional, mesmo as microeconômicas?
vinit@uol.com.br
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