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Alimento sobe no atacado e nutre inflação
IGP-M ficou em 0,47% no mês passado, ante 0,29% em setembro, mas FGV vê mais especulação que novo patamar
Toda a alta de outubro pode
ser explicada pela subida
dos preços de produtos
agrícolas no atacado, preços
no varejo subiram só 0,10%
DA REPORTAGEM LOCAL
Os preços de alguns alimentos dispararam no atacado no
mês passado, e a inflação medida pelo IGP-M subiu 0,47%,
comparada a uma taxa de
0,29% em setembro.
Toda a alta é explicada pela
aceleração de preços de produtos agrícolas no atacado, que
subiram 3,56% em outubro.
Entre as maiores altas estão a
da soja, cujo preço subiu 6,9%, a
carne bovina, com alta de
5,66% no mês e o milho, com
elevação de 6,96%. Ainda no
grupo de alimentos, subiu também o preço das aves, que registrou alta média de 7,31%.
Toda a elevação ocorreu no
atacado. O IGP-M (Índice Geral de Preços), calculado pela
FGV (Fundação Getulio Vargas), é composto por três indicadores: um mede a evolução
dos preços no atacado, outro no
varejo e o último monitora os
preços na construção civil.
Em outubro, os preços no
atacado explicam toda a alta.
Não fosse pelas altas dos agropecuários, liderados pela soja, o
IGP-M teria registrado inflação
muito próxima de zero. "O aumento [do preço da soja] parece mais especulativo do que alimentado por fundamentos de
mercado. Não sabemos se ele se
consolidará de forma definitiva", diz Salomão Quadros, economista da FGV.
Por enquanto, as pressões registradas no atacado, no caso da
soja e do milho, por exemplo,
não contaminaram os preços
do varejo. Pelo contrário, o IPC,
indicador do IGP-M que estima
as oscilações de preços do varejo, ficou em 0,1% no mês passado, contra oscilação positiva de
0,18% em setembro.
Quadros explica que a taxa de
0,1% está muito baixa para os
padrões brasileiros por que sofre a influência de queda de
preços muito agudas de alguns
alimentos, como o mamão, fruta cujo preço havia explodido e
que caiu nada menos do que
44,79% em outubro.
De qualquer forma, lembra
Quadros, ainda não há sinais de
transmissão dessa aceleração
dos preços no atacado para a
ponta final. Em outubro do ano
passado, o IGP-M havia ficado
em 0,6%, taxa portanto superior aos 0,47% deste ano. A taxa
acumulada em 12 meses está
em 3,13%.
(MARCELO BILLI)
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