São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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Comércio em SP ainda não sente efeito do Natal e inadimplência segue em alta

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas do comércio em São Paulo ainda não deslancharam, apesar da proximidade das festas de final de ano, e a inadimplência não pára de subir, segundo informa a Associação Comercial de São Paulo.
Em outubro, as vendas a prazo e à vista devem crescer cerca de 4% sobre igual mês do ano passado, mantendo, assim, o percentual de alta registrado de janeiro a setembro deste ano.
"O consumo continuou fraco em outubro, situação que deve se manter até dezembro. Não há nada que possa mudar o ritmo de vendas até o final deste ano, mesmo que a taxa de juros caia mais um pouco. Houve antecipação de pagamento de aposentadoria e de data-base de algumas categorias profissionais. Isto é, o Natal já está aí, mas não causa grande movimento nas lojas", diz Emílio Alfieri, economista da associação.
De janeiro a setembro deste ano, segundo levantamento da associação, as vendas a prazo (medidas pelo número de consultas ao SPC) cresceram 3,3% e as à vista (número de consultas ao Usecheque), 6,2%. Para Alfieri, esses números não devem mudar até o fim deste ano.
"O consumo está acomodado e não poderia ser diferente, pois a inadimplência voltou a subir." Em setembro, a inadimplência medida pela ACSP foi de 5,1% -de cada cem carnês emitidos, cinco não foram pagos. Alfieri diz que tudo indica que esse percentual cresceu mais um pouco em outubro.
"Isso faz o lojista ficar mais cauteloso com a expectativa de vendas para este final de ano."

Setembro
A Fecomercio constatou alta de 7,9% no faturamento real do comércio paulista em setembro na comparação com igual mês do ano passado -a maior taxa de crescimento do ano.
Na comparação com agosto, houve queda de 2,8% e, desconsiderando os efeitos sazonais, o faturamento do comércio em setembro foi igual ao de agosto.
"Esse crescimento de 7,9% tem uma explicação. Setembro do ano passado foi muito ruim. Esperávamos, portanto, uma taxa mais alta mesmo. O fato é que o comércio cresce entre 3% e 4% sobre o ano passado e esses percentuais devem se manter até o final do ano, mais para perto de 3% do que de 4%", diz Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomercio SP.
Considerando que a inflação está em queda, houve tímida recuperação de renda e a oferta de crédito subiu, na avaliação de Carvalho, o consumo deveria estar crescendo entre 6% e 7% neste ano sobre 2005. "Para que isso ocorra, o país precisa diminuir a taxa de juros."
Nas contas da Fecomercio SP, as famílias pagam R$ 77 bilhões de juros por ano, considerando uma taxa média anual de 54%. "Se pagassem a metade dos juros, estariam pagando R$ 38 bilhões de juros anuais e o consumo, em vez de crescer 4% neste ano, estaria crescendo 10% ou 11%. O consumo encontrou seu limite por causa da elevada taxa de juros", diz.


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