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Comércio em SP ainda não sente efeito do Natal e inadimplência segue em alta
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
As vendas do comércio em
São Paulo ainda não deslancharam, apesar da proximidade
das festas de final de ano, e a
inadimplência não pára de subir, segundo informa a Associação Comercial de São Paulo.
Em outubro, as vendas a prazo e à vista devem crescer cerca
de 4% sobre igual mês do ano
passado, mantendo, assim, o
percentual de alta registrado de
janeiro a setembro deste ano.
"O consumo continuou fraco
em outubro, situação que deve
se manter até dezembro. Não
há nada que possa mudar o ritmo de vendas até o final deste
ano, mesmo que a taxa de juros
caia mais um pouco. Houve antecipação de pagamento de
aposentadoria e de data-base
de algumas categorias profissionais. Isto é, o Natal já está aí,
mas não causa grande movimento nas lojas", diz Emílio Alfieri, economista da associação.
De janeiro a setembro deste
ano, segundo levantamento da
associação, as vendas a prazo
(medidas pelo número de consultas ao SPC) cresceram 3,3%
e as à vista (número de consultas ao Usecheque), 6,2%. Para
Alfieri, esses números não devem mudar até o fim deste ano.
"O consumo está acomodado
e não poderia ser diferente,
pois a inadimplência voltou a
subir." Em setembro, a inadimplência medida pela ACSP foi
de 5,1% -de cada cem carnês
emitidos, cinco não foram pagos. Alfieri diz que tudo indica
que esse percentual cresceu
mais um pouco em outubro.
"Isso faz o lojista ficar mais
cauteloso com a expectativa de
vendas para este final de ano."
Setembro
A Fecomercio constatou alta
de 7,9% no faturamento real do
comércio paulista em setembro
na comparação com igual mês
do ano passado -a maior taxa
de crescimento do ano.
Na comparação com agosto,
houve queda de 2,8% e, desconsiderando os efeitos sazonais, o
faturamento do comércio em
setembro foi igual ao de agosto.
"Esse crescimento de 7,9%
tem uma explicação. Setembro
do ano passado foi muito ruim.
Esperávamos, portanto, uma
taxa mais alta mesmo. O fato é
que o comércio cresce entre 3%
e 4% sobre o ano passado e esses percentuais devem se manter até o final do ano, mais para
perto de 3% do que de 4%", diz
Altamiro Carvalho, assessor
econômico da Fecomercio SP.
Considerando que a inflação
está em queda, houve tímida
recuperação de renda e a oferta
de crédito subiu, na avaliação
de Carvalho, o consumo deveria estar crescendo entre 6% e
7% neste ano sobre 2005. "Para
que isso ocorra, o país precisa
diminuir a taxa de juros."
Nas contas da Fecomercio
SP, as famílias pagam R$ 77 bilhões de juros por ano, considerando uma taxa média anual de
54%. "Se pagassem a metade
dos juros, estariam pagando R$
38 bilhões de juros anuais e o
consumo, em vez de crescer 4%
neste ano, estaria crescendo
10% ou 11%. O consumo encontrou seu limite por causa da elevada taxa de juros", diz.
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