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Fisco suaviza regra sobre preço de importações
Medida beneficia indústrias com subsidiárias no exterior
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal atualizou,
suavizando-a, uma das regras
destinadas a coibir o superfaturamento praticado por empresas que importam componentes de suas subsidiárias.
A medida muda um dos critérios para a determinação dos
chamados preços de transferência -fixados pela Receita
para impedir que empresas instaladas no país maquiem seus
lucros comprando insumos de
filiais estrangeiras ou de empresas sediadas em paraísos fiscais por preços superfaturados.
Quando adotado, o superfaturamento diminui a base de
cálculo do Imposto de Renda e
da CSLL (Contribuição Social
sobre Lucro Líquido). Ou seja,
as empresas na prática transferem parte dos seus rendimentos para o exterior.
Para coibir essas manobras,
desde 1996 essas empresas já
eram obrigadas a escolher um
dentre três métodos para provarem que não praticavam custos distorcidos nessas negociações: pela comparação de preços com produtos similares
comprados por outras empresas, pelo custo de produção dos
fornecedores ou pelo tamanho
da margem de lucro, que não
poderia ser inferior a 60%.
Esse último limite, no entanto, estava impossibilitando que
parte das indústrias se enquadrasse na regra, sobretudo as
que agregam maior valor aos
bens produzidos, como os setores automotivos e de eletroeletrônicos. Então a Receita decidiu reduzir a margem mínima
de lucro para 35%.
"A alteração dos parâmetros
foi feita para ajustar a norma à
realidade de 2010. A margem
de lucro de 13 anos atrás não é
mais coerente com a de hoje em
dia", afirmou Alexandre Guilherme Andrade, assessor técnico da Subsecretaria de Tributação da Receita.
Apesar de vigorar a partir de
1º de janeiro, a medida só terá
validade para as declarações
realizadas em 2011, referentes
ao ano-fiscal de 2010.
A próxima declaração, com
os dados relacionados a 2009,
ainda terá de ser feita pela regra
antiga. Segundo Andrade, ao
mesmo tempo em que é esperada uma queda na arrecadação
por parte de empresas que pagavam impostos a mais por não
se enquadrar no limite, a quantidade de disputas judiciais
também deve cair.
O fisco também adota preços
de referência em relação às exportações para empresas vinculadas fora do país. No caso,
para evitar o subfaturamento
das vendas, também com o objetivo de diminuir o lucro tributável dessas companhias.
Uma medida provisória editada ontem traz a possibilidade
de a Receita determinar limites
ainda menores para setores
que comprovarem a impossibilidade de atingir os parâmetros
atualmente fixados.
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