São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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Psicóloga americana defende que funcionário otimista nem sempre está preparado para o pior

Bom humor no trabalho não é unanimidade

DA REDAÇÃO

O publicitário Edilson Cordeiro, 33, não se diz mal-humorado, mas sua resposta mais comum ao corriqueiro "tudo bem?" é "tecnicamente sim, mas pode piorar".
"Todas as coisas tendem ao caos. Sempre acho que algo pode dar errado e sou visto como pessimista. Admito que seja uma postura neurótica, pago esse preço, mas, veja bem, daqui a cinco minutos pode cair o mundo", diz.
Suas afirmações, embora pareçam exageradas, encontram respaldo em especialistas como Julie K. Norem, professora de psicologia da Wellesley College, universidade de Massachusetts, EUA.
Autora de "The Positive Power of Negative Thinking" (na tradução, o poder positivo do pensamento negativo, inédito no Brasil), ela diz que o otimista vive num mundo de ilusões, enquanto o pessimista, por levar em conta vários cenários, está mais preparado para o pior. "O pessimismo defensivo é uma estratégia para gerenciar a ansiedade. É usada por pessoas aflitas, que se antecipam ao que pode dar errado e, então, se tornam mais produtivas", afirma a psicóloga em seu livro.

Humor genuíno
A empresária e publicitária alemã Judith Mair, 31, compartilha da mesma idéia. Em seu livro "Schluss mit Lustig" (na tradução, chega de diversão, inédito no Brasil), ela expõe idéias polêmicas, como "ninguém precisa ser gentil no trabalho" e "funcionários devem evitar risadas".
"Acho importante que ninguém se disfarce ou use máscaras. Aprendi a não fingir e a assumir quando estou de mau humor. Hoje exige-se que as pessoas estejam bem-humoradas e sorrindo. Todo mundo tem direito ao mau humor. Prefiro isso para que [os funcionários] tenham bom humor genuíno por mais tempo."
Conversas sobre algo que não seja o trabalho? Nem pensar. "Não conseguimos evitar totalmente, mas tem a ver com as regras de comportamento para o local de trabalho. Não acho que seja o lugar para trocar informações sentimentais. Tem de haver uma diferença clara entre conversa de amigo e conversa de colega."
"Se a relação se torna muito íntima, evita-se a crítica, cria-se uma falsa harmonia, você não trabalha direito. Trabalho é trabalho. Se o profissional tem tempo definido para se divertir com seus verdadeiros amigos, sem ter a jornada de trabalho estendida para 24 horas por dia, ele vem trabalhar mais feliz na segunda-feira", diz Mair.


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