São Paulo, Domingo, 07 de Fevereiro de 1999
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Machismo brecou a evolução feminina

RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

O machismo foi sempre o grande obstáculo para o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil.
A modalidade começou para valer no país nos anos 80, mas as praticantes tiveram que conviver com desaprovações públicas e muitas suspeitas de homossexualidade.
Somente em 1982, em uma decisão do Campeonato Estadual do Rio, o futebol feminino ganhou bom destaque, mas por baixaria.
Radar e Bangu faziam a decisão, e o juiz da partida foi agredido por seguranças do bicheiro Castor de Andrade, que era patrono do Bangu. O escândalo esfriou o progresso da modalidade no país.
O descaso da CBF com a modalidade e a consequente classificação do futebol feminino como ""esporte amador" acabaram sendo empecilhos para a popularização.
A América do Sul, potência do futebol masculino, ficou muito atrás da Europa no feminino exatamente pelo machismo.
Enquanto norueguesas, suecas e alemãs jogavam sistematicamente -quase como as norte-americanas, que aprendem futebol na escola-, as brasileiras nem tinham torneios expressivos. O primeiro Sul-Americano aconteceu em 91 e foi facilmente vencido pelo Brasil.
Com a criação do Mundial, organizado pela Fifa, ainda em 91, cresceu o interesse no país. O Brasil fez campanha medíocre, mas a seleção passou a ter objetivo e uma sequência. Progressos vieram no Mundial de 95, na Suécia, e na Olimpíada de Atlanta, em 96.
Com maior exposição na mídia, apareceram mais patrocinadores, e, em 97, a Federação Paulista de Futebol criou seu torneio, garantindo emprego às principais jogadoras e revelando novos talentos. Paralelamente, cresceu o apoio da CBF, e o Campeonato Brasileiro foi desenvolvido na sequência.
A preparação para o Mundial deste ano, nos EUA, foi mais intensa, e os resultados, se não forem tão bons dentro de campo, poderão ser verificados no maior interesse que a modalidade desperta hoje na torcida e na mídia.
A Fifa pressionou o Comitê Olímpico Internacional e, na Olimpíada de 2004, o torneio terá 12 seleções em vez de 8.


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