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Machismo brecou a evolução feminina
RODRIGO BUENO
da Reportagem Local
O machismo foi sempre o grande
obstáculo para o desenvolvimento
do futebol feminino no Brasil.
A modalidade começou para valer no país nos anos 80, mas as praticantes tiveram que conviver com
desaprovações públicas e muitas
suspeitas de homossexualidade.
Somente em 1982, em uma decisão do Campeonato Estadual do
Rio, o futebol feminino ganhou
bom destaque, mas por baixaria.
Radar e Bangu faziam a decisão,
e o juiz da partida foi agredido por
seguranças do bicheiro Castor de
Andrade, que era patrono do Bangu. O escândalo esfriou o progresso da modalidade no país.
O descaso da CBF com a modalidade e a consequente classificação
do futebol feminino como ""esporte amador" acabaram sendo empecilhos para a popularização.
A América do Sul, potência do
futebol masculino, ficou muito
atrás da Europa no feminino exatamente pelo machismo.
Enquanto norueguesas, suecas e
alemãs jogavam sistematicamente
-quase como as norte-americanas, que aprendem futebol na escola-, as brasileiras nem tinham
torneios expressivos. O primeiro
Sul-Americano aconteceu em 91 e
foi facilmente vencido pelo Brasil.
Com a criação do Mundial, organizado pela Fifa, ainda em 91, cresceu o interesse no país. O Brasil fez
campanha medíocre, mas a seleção
passou a ter objetivo e uma sequência. Progressos vieram no
Mundial de 95, na Suécia, e na
Olimpíada de Atlanta, em 96.
Com maior exposição na mídia,
apareceram mais patrocinadores,
e, em 97, a Federação Paulista de
Futebol criou seu torneio, garantindo emprego às principais jogadoras e revelando novos talentos.
Paralelamente, cresceu o apoio da
CBF, e o Campeonato Brasileiro foi
desenvolvido na sequência.
A preparação para o Mundial
deste ano, nos EUA, foi mais intensa, e os resultados, se não forem
tão bons dentro de campo, poderão ser verificados no maior interesse que a modalidade desperta
hoje na torcida e na mídia.
A Fifa pressionou o Comitê
Olímpico Internacional e, na
Olimpíada de 2004, o torneio terá
12 seleções em vez de 8.
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