São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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MÃO NA MASSA

Meteorologista e bibliotecária usam estágio para abrir portas

da Reportagem Local

Certo de que iria cursar geografia ou física nuclear, Carlos Magno do Nascimento, 37, que hoje é também apresentador da previsão do tempo na Rede Globo, foi visitar a faculdade de geografia para conhecer a grade disciplinar.
Como a faculdade de meteorologia ficava ao lado, acabou conversando com os professores e se interessando. "Minha família me apoiou, mas alertou que não era uma área tradicional e que o mercado era um pouco complicado."
Durante o curso, Magno decidiu que queria atuar na área de previsão do tempo. Fez estágio no aeroporto do Galeão (RJ) e em uma empresa que fazia previsão para as companhias aéreas.
Em 1988, decidiu abrir uma empresa própria, que presta serviço de previsão de tempo para empresas como a Nestlé e a Cetesb. Hoje se divide entre a empresa e a TV.
O campo de atuação, segundo Magno, é vasto. É possível lidar em áreas como pesquisa, análise do comportamento dos ventos, controle da qualidade do ar e meteorologia ligada à agricultura.
O mercado, na análise de Magno, é crescente, já que as prestadoras de serviço que atuam no Brasil são, na maioria, norte-americanas.
As oportunidades não são muitas. É preciso ir procurar diretamente na fonte, segundo ele. No início da carreira, seu salário era de R$ 1.200. Magno não conta quanto ganha hoje.

Vagas escondidas
Biblioteconomia é outro exemplo de curso com difícil entrada no mercado. No início da carreira, é complicado achar uma boa vaga, segundo os profissionais da área.
Elza Maria Vieira, 22, recém-formada no curso, demorou cinco meses para achar um estágio que oferecesse boas condições de trabalho. "Recebia cerca de R$ 450 por mês, trabalhando meio período. A maioria das ofertas é para período integral, pagando R$ 120."
É possível atuar em museus, escritórios de direito, arquivos, bancos, empresas, consultorias e escolas. Mas Elza alerta que é fundamental fazer um estágio durante a faculdade. "O curso é desanimador. Eu só me animei quando comecei a vivenciar a profissão."
Segundo o Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo, o piso salarial da categoria é de R$ 730, mas, nas três faixas salariais existentes no sindicato, o maior salário é de R$ 5.000, pago a profissionais com cargo de chefia e que conheçam mais de um idioma.
Mas também há quem desista da área escolhida na faculdade. Lorayne Colliri, 23, que cursou letras (português/alemão) com o objetivo de dar aulas de literatura, acabou indo trabalhar como assistente-executiva bilíngue e hoje planeja viagens e eventos.
Lorayne chegou a lecionar, mas, como o salário era baixo, começou a procurar atividades mais rentáveis. Hoje seu salário é de R$ 1.600.
Para quem pretende cursar letras, Lorayne diz que é fundamental saber qual o trabalho que quer realizar para direcionar o curso.



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