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Exibições tentam gerar reflexão sobre o trabalho e ampliar a formação dos profissionais
'Cinetreinamento' reforça cultura geral
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Não é novidade o discurso de
que os empregados são os verdadeiros atores do sucesso da empresa. Tampouco é recente a história de filmes que tentam retratar
o cotidiano. No entanto, o que
ocorre se tudo isso for mesclado?
O resultado pode ser um filme
que retrate o ambiente de trabalho, como o francês "Recursos
Humanos" ("Ressources Humaines"), 1999, de Laurent Cantet.
Além de traçar a história de um
estagiário que vai trabalhar na
mesma empresa que emprega o
pai, o filme conta com atores não-profissionais, que já haviam desempenhado na vida real as funções que interpretam no filme.
Mesmo que não seja utilizado
em treinamento por empresas
-apesar de recomendado-, esse tipo de filme ambientado em
um local de trabalho pode servir
como um agregador de cultura e
levantar questões sobre a dinâmica empresarial, segundo a coordenadora cultural da ABRH-RJ
(Associação Brasileira de Recursos Humanos), Myrna Brandão.
Para ela, que trabalha há mais
de 20 anos com o ensino em empresas e que adota a exibição de
vídeos, a reflexão gerada por um
filme é, em muitos casos, mais
produtiva e relaxante do que outras táticas de recursos humanos.
Outro filme que ela recomenda
é o japonês "Viver" ("Ikiru"), de
1952, do prestigiado diretor Akira
Kurosawa. O longa-metragem
tem um ritmo considerado um
pouco lento. Mesmo assim, a história -de um velho funcionário
público que descobre sofrer de
uma doença fatal e, num ato de
desespero, decide beber, até perceber que não pode morrer sem
antes dar um sentido à sua vida-
compensa, afirma Brandão.
"Cult"
Em certos casos, os filmes são
escolhidos mais pelo fato de agregarem cultura aos funcionários
do que propriamente retratar o
mundo do trabalho. É o caso dos
escolhidos pela diretora do Capex
(Centro de Atualização para Executivos) Lygia Maria Siqueira, 48.
Ela aposta no audiovisual para
abordar valores e princípios dos
profissionais, mas ressalta que a
escolha do título exige lógica. Siqueira diz preferir os lançamentos menos comerciais. Recentemente exibiu o nacional "Madame Satã" (2002) e o anglo-americano "Chocolate" (2000).
Em muitos casos, os profissionais de RH utilizam sua vivência
para planejar o treinamento. O
uso de filmes na Unilever veio em
grande parte do conhecimento
que Virgínia Spinassé, gerente de
RH da empresa, absorveu nas sessões de cinema com seus filhos.
Animações descontraem e,
muitas vezes, são mais bem absorvidas que outros tipos de filme, diz ela. "O problema é que, às
vezes, adultos não têm coragem
de ver desenho animado", diz
Spinassé, ressaltando a criatividade que a prática pode inspirar.
"Queimando" o filme
As discussões sobre trabalho
nos filmes comerciais servem não
apenas a pessoas que já tiveram
experiências de vida parecidas às
veiculadas nas telas mas também
aos que ingressam no mercado de
trabalho. É o caso dos estagiários
do Ciee-RJ (Centro de Integração
Empresa-Escola), que oferece aos
associados sessões de filmes com
a temática do trabalho.
"O cinema traz discussões comuns e é um importante instrumento de formação cultural dos
jovens", afirma a presidente-executiva da seccional, Leyla Félix.
Apesar dos efeitos positivos do
"cinetreinamento", é essencial
que haja bom senso na escolha
dos títulos para exibição na empresa ou recomendados como
complemento cultural, para que
se aproveite bem a atividade, opina o psicólogo e professor Luís
Felipe Cortoni. Para ele, uma preparação apressada ou improvisada pode "queimar o filme" do
programa de treinamento.
(DM)
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