UOL


São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capacitação viabiliza entidade

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Moradora de uma das regiões mais violentas da cidade de São Paulo, o distrito de Parelheiros (zona sul), Beatriz Áurea de Siqueira, 42, começou a trabalhar para "mudar o cenário" em 1997.
Sua idéia, conta ela, era montar um núcleo de atendimento a jovens carentes para atenuar o cotidiano trágico da vizinhança, na qual se viam "adolescentes grávidas e menores abandonados".
Para dar início ao projeto social, alugou uma casa para receber mães, crianças e adolescentes e educá-los em aspectos básicos de higiene, de saúde e de cidadania.
Batizado de Ninho Esperança, o lugar foi crescendo aos poucos. Sempre financiada com recursos próprios, contudo, a entidade chegou muito perto do fim em 2000, quando a dona já havia vendido o carro e abandonado alguns dos luxos da vida doméstica para injetar dinheiro na obra.
Nesse mesmo ano, porém, ela ganhou uma bolsa do Instituto GM para fazer o curso Gesc (Gestão de Organizações da Sociedade Civil) da associação de alunos e ex-alunos de MBAs da USP. Sem verba para contratar e manter um captador de recursos profissional, Beatriz decidiu frequentar o curso para viabilizar seu sonho.
"Foi muito importante para ter uma visão mais profissional em relação ao Ninho. No encerramento das aulas, apresentamos o projeto, e ele foi considerado o melhor da turma", conta ela.
Como resultado, o Instituto C&A decidiu apoiar a idéia, doando mil peças de roupa mensalmente para que fossem vendidas no local e tivessem a renda revertida para o Ninho Esperança.
A loja para realizar as vendas foi construída pelo próprio instituto, ao lado da casa, ainda alugada, que hoje atende 44 crianças.
"A meta é ajudar cem crianças e mais 80 adolescentes", afirma a empresária. O dinheiro injetado ainda não é suficiente para tanto, mas já representa um grande avanço. "Mantenho 15 funcionários [ganhando de R$ 200 a R$ 800" e há dois anos não invisto recursos do meu bolso. Já dá para respirar, mas ainda falta muito."
Beatriz afirma que pretende contratar um captador de verbas profissional para viabilizar a expansão do Ninho. Enquanto não consegue, ela mesma faz as vezes de arrecadadora de fundos.



Texto Anterior: Terceiro setor: Captar dinheiro para ONGs vira cargo promissor
Próximo Texto: Profissionais autônomos têm mais problemas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.