|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Capacitação viabiliza entidade
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Moradora de uma das regiões
mais violentas da cidade de São
Paulo, o distrito de Parelheiros
(zona sul), Beatriz Áurea de Siqueira, 42, começou a trabalhar
para "mudar o cenário" em 1997.
Sua idéia, conta ela, era montar
um núcleo de atendimento a jovens carentes para atenuar o cotidiano trágico da vizinhança, na
qual se viam "adolescentes grávidas e menores abandonados".
Para dar início ao projeto social,
alugou uma casa para receber
mães, crianças e adolescentes e
educá-los em aspectos básicos de
higiene, de saúde e de cidadania.
Batizado de Ninho Esperança, o
lugar foi crescendo aos poucos.
Sempre financiada com recursos
próprios, contudo, a entidade
chegou muito perto do fim em
2000, quando a dona já havia vendido o carro e abandonado alguns
dos luxos da vida doméstica para
injetar dinheiro na obra.
Nesse mesmo ano, porém, ela
ganhou uma bolsa do Instituto
GM para fazer o curso Gesc (Gestão de Organizações da Sociedade
Civil) da associação de alunos e
ex-alunos de MBAs da USP. Sem
verba para contratar e manter um
captador de recursos profissional,
Beatriz decidiu frequentar o curso
para viabilizar seu sonho.
"Foi muito importante para ter
uma visão mais profissional em
relação ao Ninho. No encerramento das aulas, apresentamos o
projeto, e ele foi considerado o
melhor da turma", conta ela.
Como resultado, o Instituto
C&A decidiu apoiar a idéia,
doando mil peças de roupa mensalmente para que fossem vendidas no local e tivessem a renda revertida para o Ninho Esperança.
A loja para realizar as vendas foi
construída pelo próprio instituto,
ao lado da casa, ainda alugada,
que hoje atende 44 crianças.
"A meta é ajudar cem crianças e
mais 80 adolescentes", afirma a
empresária. O dinheiro injetado
ainda não é suficiente para tanto,
mas já representa um grande
avanço. "Mantenho 15 funcionários [ganhando de R$ 200 a R$
800" e há dois anos não invisto recursos do meu bolso. Já dá para
respirar, mas ainda falta muito."
Beatriz afirma que pretende
contratar um captador de verbas
profissional para viabilizar a expansão do Ninho. Enquanto não
consegue, ela mesma faz as vezes
de arrecadadora de fundos.
Texto Anterior: Terceiro setor: Captar dinheiro para ONGs vira cargo promissor Próximo Texto: Profissionais autônomos têm mais problemas Índice
|