São Paulo, domingo, 17 de janeiro de 1999

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GUIA DO PRIMEIRO EMPREGO

Exigência cresce e barra 'desqualificado'

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Não tem sido fácil para muitas empresas preencher todas as vagas de estágio e trainee. O motivo: falta de candidatos que atendam às exigências feitas atualmente.
Segundo os recrutadores, as companhias estão ficando cada vez mais seletivas, mas a formação da maior parte dos estudantes não acompanhou essa evolução.
De acordo com Mônica Farah Kotait, 37, supervisora de recrutamento e seleção do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), na área há 11 anos, hoje é preciso garimpar muito para encontrar estagiários que satisfaçam todos os requisitos pedidos pelas empresas.
"De quatro anos para cá, está havendo um descompasso tão grande entre as exigências e a formação dos candidatos que a seleção não se resume mais a conhecimentos de idiomas e informática."

Problemas de linguagem
Segundo Mônica, em alguns casos, os candidatos acham que são melhores do que a vaga oferecida, superestimando-se. Em outros, existiria uma falta de comprometimento por parte dos estudantes.
"Um dos maiores problemas dos candidatos são os erros de linguagem, problema que deveria ter sido resolvido no segundo grau."
Para Gilberto Lara, 49, diretor de recursos humanos da Rhodia, o conhecimento dos jovens de hoje é restrito, mas essa deficiência é superada em outros aspectos, como no perfil empreendedor, na agilidade, na facilidade de buscar informações e na criatividade.
"Pode-se dizer que, no conceito tradicional de formação, o jovem está fraco, mas que, considerando as novas exigências, ele supera as expectativas. Ele tem uma necessidade de crescimento rápido."

Perfil procurado
Para chegar ao processo de seleção com chances reais de ganhar uma vaga, o principal caminho é investir na própria formação.
Dominar inglês e informática (como MS Office e Internet) é item básico. Hoje as grandes empresas já exigem conhecimentos de dois ou três idiomas. Além disso, procuram profissionais com um bom conhecimento de generalidades.
"Mas não adianta apenas um bom nível cultural, o candidato deve ser um multiespecialista e conhecer profundamente outras áreas que não a dele", diz Valdir Scalabrin, 34, diretor de operações da Top Services, empresa de consultoria, recrutamento e seleção.
A capacidade de aprendizagem e o relacionamento interpessoal também contam muito hoje.
"A parte técnica é ensinada. Para ganhar uma vaga não importa a faculdade, mas sim os valores de cada um", diz Cláudio Vicente, 42, consultor de RH da Ericsson.



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