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O PODER DA CRÍTICA
Conhecer personalidade de colaborador é importante, já que há diversos padrões de reação
Observação direciona trabalho, "bronca" não
DA REPORTAGEM LOCAL
Encarar a crítica como um instrumento educativo é o primeiro
passo para chegar ao efeito desejado, ensinam os especialistas.
Além disso, vale atentar para o fato de que criticar com êxito é uma
característica dos relacionamentos profissionais bem-sucedidos.
De acordo com Filipe de Lacerda, 49, coordenador do centro de
desenvolvimento de lideranças da
Business School São Paulo, todos
os seres humanos carregam a necessidade natural de obter retorno sobre o que estão fazendo.
"Somos movidos a "feedback"
desde que nascemos", analisa.
Para ele, a "bronca" no trabalho
não tem muito sentido. "Mais vale uma observação que sirva de
ponto de partida para um redirecionamento sem que exista o peso
da culpa", observa ele.
É importante ressaltar que a
reação ao retorno dado varia de
pessoa para pessoa. Por isso conhecer bem o colaborador a
quem o comentário será destinado ajuda a escolher a estratégia de
abordagem mais adequada.
No caso do gerente José Roberto
Bressan, 32, uma "agulhada" no
ego foi o que o motivou a lutar pela graduação em administração.
Aos 19 anos, o então auxiliar de almoxarifado Bressan decidiu se casar e ouviu várias vezes do chefe
que "não conseguiria arcar com
despesas de família e faculdade".
"Não retruquei, mas repetia para mim mesmo que tinha minhas
ambições e que não me deixaria
abater", conta o profissional. O
chefe à época era o administrador
Geraldo Gonçalves, 46, que diz ter
agido assim intencionalmente.
"Conhecia José Roberto e sabia
que ele reagia como ninguém a
estímulos negativos. Provoquei-o
para que ele me provasse o contrário e, quando ele veio me exibir
o comprovante de matrícula no
curso universitário, abracei-o e
comemoramos", relata Gonçalves. Os dois são amigos até hoje.
Embora a fórmula tenha dado
certo, recomenda-se atenção redobrada no trato com iniciantes.
"Rótulos estipulados nessa etapa
podem causar danos definitivos à
carreira", ressalta Viviane Massa,
supervisora do programa de desenvolvimento do CIEE (Centro
de Integração Empresa-Escola).
Uma crítica "enigmática" feita
ao seu primeiro trabalho jamais
foi esquecida pela designer Sheila
Ferreira, 28. "Meu superior apontou o catálogo e ficou perguntando várias vezes o que estava faltando ali", lembra ela.
"Quanto mais ele perguntava,
mais me deixava nervosa e menos
eu conseguia enxergar o erro. Só
depois de muito tempo ele me
mostrou que eu havia esquecido
um selo. Aprendi e, de lá para cá,
me tornei obsessiva por detalhes", revela Ferreira.
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