São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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O PODER DA CRÍTICA

Conhecer personalidade de colaborador é importante, já que há diversos padrões de reação

Observação direciona trabalho, "bronca" não

DA REPORTAGEM LOCAL

Encarar a crítica como um instrumento educativo é o primeiro passo para chegar ao efeito desejado, ensinam os especialistas. Além disso, vale atentar para o fato de que criticar com êxito é uma característica dos relacionamentos profissionais bem-sucedidos.
De acordo com Filipe de Lacerda, 49, coordenador do centro de desenvolvimento de lideranças da Business School São Paulo, todos os seres humanos carregam a necessidade natural de obter retorno sobre o que estão fazendo. "Somos movidos a "feedback" desde que nascemos", analisa.
Para ele, a "bronca" no trabalho não tem muito sentido. "Mais vale uma observação que sirva de ponto de partida para um redirecionamento sem que exista o peso da culpa", observa ele.
É importante ressaltar que a reação ao retorno dado varia de pessoa para pessoa. Por isso conhecer bem o colaborador a quem o comentário será destinado ajuda a escolher a estratégia de abordagem mais adequada.
No caso do gerente José Roberto Bressan, 32, uma "agulhada" no ego foi o que o motivou a lutar pela graduação em administração. Aos 19 anos, o então auxiliar de almoxarifado Bressan decidiu se casar e ouviu várias vezes do chefe que "não conseguiria arcar com despesas de família e faculdade".
"Não retruquei, mas repetia para mim mesmo que tinha minhas ambições e que não me deixaria abater", conta o profissional. O chefe à época era o administrador Geraldo Gonçalves, 46, que diz ter agido assim intencionalmente.
"Conhecia José Roberto e sabia que ele reagia como ninguém a estímulos negativos. Provoquei-o para que ele me provasse o contrário e, quando ele veio me exibir o comprovante de matrícula no curso universitário, abracei-o e comemoramos", relata Gonçalves. Os dois são amigos até hoje.
Embora a fórmula tenha dado certo, recomenda-se atenção redobrada no trato com iniciantes. "Rótulos estipulados nessa etapa podem causar danos definitivos à carreira", ressalta Viviane Massa, supervisora do programa de desenvolvimento do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola).
Uma crítica "enigmática" feita ao seu primeiro trabalho jamais foi esquecida pela designer Sheila Ferreira, 28. "Meu superior apontou o catálogo e ficou perguntando várias vezes o que estava faltando ali", lembra ela.
"Quanto mais ele perguntava, mais me deixava nervosa e menos eu conseguia enxergar o erro. Só depois de muito tempo ele me mostrou que eu havia esquecido um selo. Aprendi e, de lá para cá, me tornei obsessiva por detalhes", revela Ferreira.


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