UOL


São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARREIRA EM PÉ DE GUERRA

Turismo internacional pode demitir 3 mi

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O turismo internacional será um dos setores mais prejudicados, segundo os analistas. De acordo com uma pesquisa feita em 161 países pelo World Travel & Tourism Council (WTTC) -um dos principais órgãos do turismo internacional-, uma guerra prolongada pode causar o fechamento de mais de 3 milhões de postos de trabalho na indústria de viagens e turismo no mundo, além de causar um prejuízo de cerca de US$ 30 bilhões em 2003.
As empresas aéreas norte-americanas no Brasil já vinham demitindo desde setembro de 2001 e mantiveram o ritmo nos primeiros meses deste ano. A Delta Airlines admite que há um plano de contingência preparado para o caso de a guerra se prolongar por mais tempo, mas não divulga detalhes por questão de segurança.

Parado
"Parou tudo, está todo mundo na expectativa do que vai acontecer", afirma Jefferson Cavalcanti, gestor de call-center do pool de agências de turismo corporativo G-8. "Houve uma paralisação de investimentos da ordem de 50% a 60% nos negócios", calcula.
O Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais (Favec) estima que o conflito no Iraque deverá causar queda de 15% no movimento do turismo de negócios, em comparação com o mesmo período do ano passado. Para um cenário considerado "catastrófico", em que a guerra se prolongue demais, a previsão é de queda de 50%.
O mercado nacional também deverá sofrer uma retração de 20% nas emissões internacionais (envio de passageiros para o exterior), prevê a Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagem). Segundo Leonel Rossi, diretor de assuntos internacionais da entidade, no entanto, o turismo interno será beneficiado.
"No ano passado já houve um aumento de 15% nas vendas, por causa da desvalorização do real diante do dólar. A tendência é continuar aumentando", afirma.
Ricardo de Almeida Prado Xavier, presidente da Manager Assessoria em Recursos Humanos, concorda. "Essa indústria [do turismo] é bastante dinâmica e pode superar boa parte dos problemas promovendo o turismo interno em países ou regiões fora das áreas em conflito", afirma.
Para Amauri Caldeira, presidente da Abav-São Paulo (responsável por cerca de 50% do mercado emissivo do país), esta é a hora de as agências incentivarem mais o turismo interno.
"Os agentes sempre estão à procura de formas para se adaptar ao mercado. O Brasil já melhorou muito em termos de estrutura", diz. Segundo ele, há dez anos, de cada 100 passageiros, 70 viajavam para o exterior, e 30, internamente. Hoje a proporção se inverteu. "A atual turbulência vai potencializar esse quadro." (RGV)


Texto Anterior: Empresas têm cautela maior com os projetos
Próximo Texto: Estudantes evitam curso nos EUA
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.