São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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SUA CARREIRA

Universitários aproveitam para aliar teoria a prática e ainda ajudam a pagar as despesas do curso

Aluno de medicina busca renda em estágio

Renato Stockler/Folha Imagem
A estagiária Gilvane Honório (ao centro), que lida com diagnósticos por imagens em um hospital


MARIANA BASTOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Decidir pelo sonho -próprio ou da família- de estudar medicina. Debruçar-se sobre os livros por muitas noites maldormidas. Ter o nome na tão sonhada lista de aprovados. Desistir do curso.
Essa seqüência, embora aparentemente contraditória, descreve a trajetória de alguns estudantes que escolhem a carreira médica.
Ao exigir dedicação em tempo integral, o curso torna difícil o exercício de atividade remunerada concomitantemente aos estudos. E, por não conseguirem arcar com gastos como mensalidades e material didático, alguns optam pelo trancamento de matrícula e até pela desistência da graduação.
Entretanto, esse panorama está mudando: o estágio, obrigatório em muitas carreiras, consolida-se agora como alternativa também para os estudantes de medicina.
Mais do que unir a técnica aprendida nas salas de aula à prática, a maior vantagem, segundo os futuros profissionais, é a oportunidade de obter uma fonte de renda durante a graduação.
"É um curso longo, de seis anos; não dá para passar tanto tempo dependendo dos pais", diz Fábio de Assunção e Silva, 24, aluno da Santa Casa de São Paulo.
Sentindo a necessidade de ajudar nas despesas de casa, o estudante inscreveu-se num programa de estágio. Desde janeiro, trabalha no hospital Santa Helena, onde -assim como boa parte dos estagiários- não pode entrar em contato direto com os pacientes, mas exerce atividades relacionadas à gestão da saúde.
"Conhecer a parte administrativa da área médica é muito importante no estágio", avalia Regina Hein, supervisora de projetos educacionais do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola).
Além do gerenciamento hospitalar, o estagiário pode atuar em áreas como programas de saúde, editoras de artigos médicos e laboratórios clínicos e de pesquisa.
A universitária Gilvane Honório, 23, por exemplo, lida com diagnósticos por imagens no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André (SP).
"A função é determinante para saber se o paciente deve ir para a mesa cirúrgica", analisa a estudante, que quer especializar-se em cirurgia. Porém, sua principal motivação para fazer o estágio foi o fator econômico. A futura médica recebe uma bolsa-auxílio de R$ 600 por mês -só de mensalidade escolar paga R$ 1.600.

Em equipe
A maioria dos estágios de medicina tem uma carga horária de até 20 horas semanais. Pode parecer pouco em comparação com outras carreiras -busca-se, com isso, preservar o aluno para os estudos em período integral.
De acordo com o médico Flávio Mendes de Oliveira, orientador da estagiária Gilvane Honório, "não dá para fixar um horário rígido, por isso é feito um rodízio".
"O modelo que funciona para o estágio de medicina é o de trabalho em equipe. O médico é um profissional solitário, que tem seu próprio consultório, onde fica isolado. É importante para o universitário ter essa experiência para poder lidar com um grupo."


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