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SAÚDE CORPORATIVA
Corpo sofre com trabalho à noite
Dormir durante o dia não proporciona a qualidade necessária de sono, ressaltam médicos
BRUNA BORGES
DE SÃO PAULO
As reclamações de DJs sobre as dificuldades de trabalhar à noite têm fundamento,
pelo menos no tocante à saúde, afirmam especialistas.
O sono diurno, dizem médicos, nunca compensa em
quantidade e qualidade as
horas não dormidas à noite.
O problema atinge muito
mais do que essa categoria.
No país, cerca de 15 milhões
de pessoas trabalham no
período noturno, segundo
estimativa do Instituto do Sono em São Paulo com dados
do Ministério do Trabalho.
As consequências são variadas. Recentemente, foi
constatado alto índice de
câncer entre os trabalhadores noturnos, alerta Marco
Túlio de Mello, médico e
pesquisador do instituto.
"Ainda não está provada a
relação direta entre a doença
e o regime de trabalho, mas
há indícios", explica.
Eles também têm maior
chance de desenvolver doenças ligadas à baixa imunidade -como gripes-, obesidade e cefaleia, acrescenta
Geraldo Rizzo, neurologista e
coordenador do Laboratório
do Sono de Porto Alegre.
"A maior predisposição para
doenças ocorre por alteração
da atividade metabólica com
a piora do sono", diz Mello.
REMUNERAÇÃO
Uma das motivações para
os profissionais atuarem à
noite é a remuneração maior.
Eles recebem 20% a mais do
que se trabalhassem de dia.
No entanto, há prejuízo
nas relações com família e
amigos, além de dificuldade
de solucionar situações cotidianas, como ida ao banco.
Além de profissionais de
saúde e de segurança, especialistas em TI (tecnologia da
informação) são cada vez
mais obrigados a enfrentar
os plantões de madrugada.
É o caso do analista de redes Ricardo Lima, 26, que em
2005 foi transferido para a
madrugada, mas não aguentou. Com no máximo quatro
horas de sono por dia e dificuldade de se alimentar bem,
voltou a trabalhar de dia quatro meses depois.
"Percebi que aumentaram
os cabelos brancos", conta
Lima, que diz estar ciente
de que o expediente noturno
é parte de seu trabalho.
"Os processos são realizados
à noite, quando ninguém usa
computador", explica.
Por isso, em dias em que
trabalha nesse horário, compensa o esforço com o banco
de horas -justamente o que
os médicos mais recomendam evitar: turnos variados.
"Assim o corpo funciona
de forma descontínua. Sugiro a pacientes não dormir de
dia nas folgas para aproveitar o período", orienta Rizzo.
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