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Demora para reagir leva a moléstias
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A competitividade no mercado
de trabalho é vista como uma das
principais causas da passividade
da vítima diante do assediador.
"Ela suporta a situação, pois tem a
ilusão de que aquele inferno vai
passar em breve. Porém isso não
acontece", afirma a médica do
trabalho Margarida Barreto.
Para Roberto Heloani, professor de psicologia do trabalho e
saúde do trabalhador, a incapacidade de reagir está diretamente
relacionada à falta de percepção.
"Algumas pessoas pensam que se
trata apenas de uma informalidade sem grandes conseqüências."
Aos poucos, contudo, a humilhação vai minando as forças
mentais e físicas do trabalhador.
Foi o que ocorreu com a costureira Elisabeth Pittman, 47, "torturada moralmente" pela encarregada
do setor em que trabalhava.
"Ela me espionava no banheiro,
me ameaçava e me humilhava na
frente das colegas", lembra. Depois de um ano de assédio, durante uma discussão com a supervisora, Pittman sofreu um infarto.
Tal incidente mostra que o terror psicológico não deixa apenas
seqüelas emocionais. Os primeiros indícios físicos são palpitações, sudorese, transtornos digestivos, dores no corpo e distúrbios
do sono. Logo depois, aparecem
as moléstias propriamente ditas.
De acordo com Heloani, alterações hormonais e cefálicas estão
mais presentes entre as mulheres.
Já nos homens, são freqüentes os
problemas cardíacos e respiratórios, bem como a disfunção erétil.
Segundo especialistas, a recuperação do assediado é possível,
mas leva tempo. "É preciso interferir na causa e nas conseqüências
ao mesmo tempo, pois as enfermidades psicossomáticas sempre
têm sua raiz numa doença emocional", explica Luiz Carlos Morrone, professor de medicina social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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