São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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MALES DO TRABALHO

Depressão, Dort e estresse rondam o novo século

MARILDA NOVAES LIPP
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nós nos confrontamos hoje com os males do trabalho moderno. O século 20 ficou conhecido como o "século do estresse". Embora mal estejamos iniciando um novo, algumas doenças já aparecem como candidatas a marcar o exercício do trabalho desta época, especificamente depressão e Dort (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), além do estresse ocupacional, que causa prejuízo de mais de US$ 100 milhões ao ano às companhias.
A depressão dentro das empresas está aumentando consideravelmente, o que pode ser uma consequência do estresse excessivo, continuado por períodos longos. Estima-se que a prevalência de depressão no trabalho seja tão alta quanto a do estresse patológico, que aflige cerca de 20% dos funcionários de todos os níveis.
A depressão é caracterizada por desânimo, inabilidade de pensar claramente, falta de apetite, insônia, desinteresse pelo trabalho e, em alguns casos, pensamentos suicidas. Esses sintomas também fazem parte do quadro sintomatológico do estresse excessivo. O funcionário depressivo ou estressado não pode ser plenamente produtivo e, muito menos, feliz.
O estresse envolve, além da depressão, sintomas físicos e também ansiedade. Se a pessoa não consegue por si mesma sair da depressão ou controlar o seu estresse ocupacional, é importante que procure a ajuda de um psicólogo, pois o tratamento farmacológico, embora muitas vezes essencial, nem sempre é suficiente.
O treino de controle do estresse (TCS), baseado em conceitos cognitivo-comportamentais, que lida com os pensamentos estressantes e negativos, é o método de escolha para o estresse e a depressão oriunda de tensões excessivas.
O TCS envolve alimentação rica em verduras, legumes e frutas, exercício físico por 30 minutos três vezes por semana, relaxamento e estratégias de manejo do estresse, que incluem: conhecer o seu limite e respeitá-lo; saber administrar o seu tempo e respeitar as suas prioridades.
É importante separar o mundo profissional do pessoal nas horas de lazer, usar técnicas de resolução de problemas, em vez de se deter excessivamente nas emoções que certas situações criam; escutar as mensagens de cansaço que o corpo envia; cultivar amizades, dar e receber apoio social e saber que se é pura e simplesmente um ser humano, que falha e corrige e que pode atingir o sucesso mesmo não sendo perfeito.


Marilda Novaes Lipp é diretora do Centro Psicológico de Controle do Stress e professora da PUC-Campinas



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