São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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TRAINEE

Com rendimentos de até R$ 4.000 assegurados, jovens ou mostram serviço ou são "cortados"

Salário e "fama" cobram seu preço

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Novos, talentosos, com gás para liderar equipes de maneira inovadora dentro da empresa. Uma aposta. É assim que a empresa olha para cada um dos trainees que escolhe a dedo para serem seus futuros executivos. Hoje os programas de trainee se revelam uma das melhores formas de ingressar no mercado.
O salário médio desse jovem é de R$ 2.282, de acordo com o levantamento feito pela Folha, mas há casos em que chega a receber até R$ 4.000, valor pago pela Coinbra, empresa de "trading" e agronegócios. Há também os benefícios, cursos e treinamentos em quase todas as áreas, o que concede versatilidade ao jovem. Além disso, muitas empresas oferecem viagens para o exterior.
Na Philip Morris, por exemplo, o trainee passa três meses em algum ponto da América Latina. Na TIM, são cerca de cinco meses na Itália, sede da multinacional. Nada mal para quem acabou de livrar-se das amarras da faculdade.
Se por um lado salários e perspectivas de carreira são grandes, por outro, as responsabilidades e expectativas em cima dos trainees não são menores.
"As empresas investem bastante com cursos, viagens e até mudanças para outros Estados. Muitos saem da casa da mãe e vão para a "mãe-empresa", que, claro, espera a contrapartida. Ela espera maturidade e dedicação para que ele absorva as informações e se torne um executivo", avalia Neli Barboza, gerente de recrutamento e seleção da Manager.
Na Unilever o trainee recebe cerca de R$ 3.330, além de todos os benefícios e um futuro possivelmente promissor. Mas o rigor é grande. Após os três anos de duração do programa, se o jovem não demonstrar capacidade gerencial, está fora da empresa.
"Não há outra alternativa, ou viramos gerentes ou saímos. Há pressão, expectativa e metas. A empresa investe nos trainees, e temos de mostrar competências e resultados", conta a economista Juliana Carvalho Silveira, 21, que está há um ano no programa.
Na outra ponta estão os trainees cujos salários não chegam à metade da média apurada, mas nem assim esses jovens deixam de reconhecer e valorizar o status e a formação que um programa como esses oferece.
Embora tenha tido oportunidade de ganhar o dobro do salário, o biólogo Carlos Augusto Krieg, 25, optou pelo programa de trainee da Fundação O Boticário, em parceria com ONGs ambientais.
"Recebo R$ 750, que é metade do piso para a minha área, mas o programa é consistente e oferece cursos pagos excelentes pelo país, o que considero valor agregado. A fundação é reconhecida internacionalmente, e eu acredito no trabalho das ONGs. Acima de tudo, estou na área que quero."
Na hora da opção, pensar só no salário não basta, ensina Elaine Saad, da Right Saad Fellipelli. "A pessoa só deveria atuar naquilo que lhe trouxer três coisas: perspectiva de crescimento; salário e benefícios satisfatórios; e prazer diário. Sabe aquela satisfação de levantar-se pela manhã? É isso que faz a pessoa ter sucesso."

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