São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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100% AOS 50

Mercado de trabalho mantém preconceitos

DA REPORTAGEM LOCAL

Se a perspectiva para o futuro é que existam mais vagas destinadas a quem já alcançou a casa dos 50, a realidade atual do mercado ainda está bem longe disso, e os profissionais maduros enfrentam dificuldades para trabalhar.
Uma pesquisa realizada pela consultoria de RH (recursos humanos) Grupo Catho, em 2001, com 7.002 executivos com mais de 40 anos, revelou que existe relação direta entre restrição à idade e nível do cargo ocupado.
Entre os diretores ouvidos, 31,5% tinham idade superior a 50 anos. O número caía para 15% nos postos de supervisão e chegava a apenas 6,4% nos de gerência, o que indica que profissionais que não chegam a cargos de diretoria até os 50 anos têm poucas chances de continuar na empresa.
"Quanto menor o nível, mais difícil é a colocação do profissional mais velho", confirma Raquel Santana Schiavon Sanches, diretora da Talento Consultoria.

Custo
Para Thomas Case, fundador do Grupo Catho, o custo alto para o empregador é o principal obstáculo para o trabalho dos cinquentões. "Um executivo de 50 anos custa 50% a mais do que um de 35 na mesma posição", ilustra.
Como Robert Cricthley, Case aponta a migração para a área de consultoria como uma saída viável. "Quem é especialista em algum assunto pode sugerir a prestação de serviço e negociar a remuneração", sugere.
O estudo do Grupo Catho mostra ainda que, considerando executivos com igual desempenho e remuneração, o escolhido para ser demitido é o mais velho em 70% dos casos. Outro dado relevante: 11,68% dos profissionais ouvidos estavam desempregados.
"A política de trocar "um de 40 por dois de 20" existe e é praxe no mercado brasileiro", diz Case.
John Cymbaum, da Career Center, explica que a idade avançada é interpretada como sinônimo de "pouca flexibilidade" pelos empregadores. "Além disso, há uma percepção generalizada de que o desempenho profissional começa a declinar a partir dos 35 anos."
"O preconceito com a contratação de quem é mais velho existe mesmo, principalmente nas grandes corporações. Profissionais com esse perfil têm mais chances em empresas de médio porte e, eventualmente, no terceiro setor", diz Raquel Santana Schiavon Sanches, da Talento Consultoria.


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