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Iniciantes podem ensinar seniores
Chefe deve avaliar reinvidicações dos mais novos e aprender com eles o que não domina
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vez de travarem uma
batalha para decidir quem está
certo sobre o que deve ser feito
na empresa, o profissional
recém-chegado ao mercado e
o sênior que ajudou a construir
a corporação devem unir competências e aspectos geracionais, opinam especialistas.
Para o consultor Peter Cheese, ex-diretor da divisão global
de desempenho da Accenture,
os gestores devem ouvir as reivindicações da geração Y.
"Eles estão certos quando pedem, por exemplo, "feedbacks" e
planos de carreira mais transparentes", defende. "Precisamos fazer um bom trabalho para todos os empregados."
Ele concorda que gestores
evitam candidatos com características excessivas da geração, pois muitos precisam
"acordar para realidade".
"É possível que a crise estimule
isso aqui no Reino Unido", especula Cheese.
Por isso ele recomenda cooperação entre gerações e sugere que os mais velhos também
recebam treinamento dos mais
novos. "É o "reverse mentoring"
[aconselhamento reverso, em
tradução livre]. Tem algumas
coisas que os mais velhos não
entendem muito bem. A ideia é
que os mais novos expliquem."
Dificuldades setoriais
Entretanto, nem todos os setores possuem capacidade de
sempre ouvir esses jovens demandantes, que cresceram em
meio a relações de pouca hierarquia e de muita atenção de
pais e de professores.
Bancos, agências de publicidade e empresas da área de tecnologia da informação têm
mais facilidade para isso do que
setores industrial e de infraestrutura, afirmam especialistas.
Isso porque os projetos dos
últimos têm prazos mais longos, enquanto os dos demais requerem muita inovação.
No banco Santander, por
exemplo, a diretora de recursos
humanos Paula Giannetti afirma que ser Y em excesso não é
fator de corte para os processos
de seleção que coordena.
"Achamos o Y muito atrativo.
Ele gosta de tomar riscos e se
preocupa com sustentabilidade", afirma.
Segundo ela, os jovens dessa
geração mostraram que não
pensam necessariamente em
sair da empresa, mas sim em
receber desafios constantes.
"Eles fazem o feijão com arroz e pedem mais, então temos
que pensar em outros projetos
para mantê-los motivados."
Tempo relativo
Eline Kullock, presidente do
Grupo Foco, atenta para uma
diferença crucial ao conciliar
gerações: a administração do
tempo. "Os jovens querem reuniões de até uma hora, enquanto seus chefes preferem que
elas durem quatro. É preciso
achar um meio-termo."
Ela usa a metáfora do navio
para pedir mais calma: "Os
Ys devem mostrar que conseguem conviver em um ambiente que não é o dos amigos ou
o de dentro de casa. A rapidez
das empresas é outra. Cada
uma é um navio. Mesmo que tenha poucas regras ou burocracia, demora um tempo para que
mudem de direção."
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