São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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MERCADO ANIMADO

Estúdios capacitam em "causa própria"; técnica não pode ser foco único dos cursos

Brasileiro pode deixar autodidatismo de lado

DA REDAÇÃO

Praticamente a totalidade dos brasileiros que atuam profissionalmente com animação é autodidata, segundo dados do setor.
Há algum tempo, porém, o panorama vem mudando. Exemplo disso são os estúdios que já serviam de escola extra-oficialmente e hoje são também formadores de mão-de-obra. Neste ano, entraram para o mercado pelo menos duas opções: a Academia de Animação, que oferece cursos profissionalizantes, e a especialização em animação da PUC-RJ.
Outro que pretende entrar na jogada é Mauricio de Sousa. "Tenho o projeto de lançar um longa por ano e de produzir desenhos animados. Já não tenho gente para fazer isso e talvez seja obrigado a fechar parceria com algum estúdio do exterior para finalizar esses produtos. A formação de profissionais é fundamental, e estou negociando com o governo algo nesse sentido", afirmou.
Marcelo De Moura, diretor da Academia, voltou para o Brasil após 12 anos nos Estados Unidos, onde trabalhou com estúdios grandes, como a Disney. A intenção era clara: abrir um estúdio e, paralelamente, uma escola.
"Toda arte precisa ser aprendida, e, em animação, não havia isso. Os brasileiros ou são autodidatas ou estudaram fora. Como tenho interesse em projetos de grande porte, sabia que iria esbarrar na questão "gente qualificada'", conta De Moura.
E não é só saber desenhar. Clóvis Vieira, do Instituto Brasileiro do Cinema Digital, diz que falta uma formação geral. "Apenas saber desenhar ou mexer num software não basta. É preciso entender de movimentos, de criar personagens, de contar história. O que me permitiu fazer o filme ["Cassiopéia", primeiro longa brasileiro totalmente digital] não foi um programa, e sim os meus 20 anos de experiência", observa.
Mas a informalidade traz compensações: "Por ser autodidata, o brasileiro dá soluções impensáveis a quem tem uma formação tradicional", diz Ale McHaddo, professor do Senac-SP e um dos coordenadores do grupo que criou o game "Ciber Cabra".

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