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Fatores demográficos também explicam o aumento no número de separações

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Duas semanas depois de confirmar o rompimento com sua companheira -a cantora francesa Vanessa Paradis -, o ator Johnny Depp já tinha outra namorada, segundo a revista "Us Weekly". Caso a troca seja confirmada, Depp entrará para o grande e popular grupo de homens que só se separam quando já têm outra pessoa em vista.

"Alguns homens precisam achar outro relacionamento para impulsionar o término", diz Nelson Sussumu, presidente da Comissão de Direito de Família da OAB-SP.

Quando o ex-marido demonstrou muita pressa para oficializar a separação, a cantora Adriana Machado, 35, desconfiou: "Não fazia nem três meses que eu havia saído de casa quando ele começou a insistir para irmos ao cartório".

Seis meses depois, Adriana soube que o seu ex começou a namorar poucas semanas depois da separação, com uma colega de trabalho.

"Não penso que ele tenha me traído, mas não deixo de achar esse comportamento doentio. Eu preciso enterrar bem um amor antes de começar algo", critica Adriana.

Até 2002, não havia divórcio no Brasil sem que fossem definidos uma causa e um culpado (leia à pág. 7).

"Era como se o Estado entrasse em uma mesquinharia, em uma disputa para saber quem estava certo", diz Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família.

CULPA DA SOGRA

"Numa perspectiva infantil, é preciso achar um vilão. Pode ser o ex, a atual do ex ou até sogra", diz Carmita Abdo, tocando em outra causa recorrente de divórcios: a chatice da família do parceiro.

Separar ficou fácil demais, na opinião de Álvaro Villaça Azevedo, diretor da Faculdade de Direito da FAAP. Para ele, a simplificação do processo trouxe ganhos, mas banalização: "Para os direitos individuais é excelente, mas cria distorções no comportamento das pessoas".

O aumento dos rompimentos, no entanto, não pode ser atribuído apenas às facilidades legais. "Muitos fatores demográficos contribuem para que haja mais divórcio: o aumento da renda feminina e da escolaridade, a queda no número de filhos", diz José Eustaquio Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE.

Em dez anos, a taxa de divórcios no Brasil quase dobrou, de 1,7% a 3,1%. "Parece pouco, mas em demografia é uma taxa muito expressiva, indica transição no perfil da população", diz Alves.

"A gente cuida menos do que é provisório, e casamento se transformou em uma situação que os cônjuges enxergam como passageira", diz Ailton Amélio da Silva, psicólogo e professor da USP.

Segundo ele, a queda das barreiras legais e sociais evita que pessoas fiquem presas em relações infelizes, mas reduziu o investimento emocional dos pares no casamento.

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