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'Fiquei apavorada, pensei: por que eu?'

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Comecei a me sentir esquisita, não sabia externar bem o que estava acontecendo comigo. Acordava com o coração disparado. Tinha a sensação de que ia desmaiar e, por isso, sentia medo de que alguém roubasse meus documentos e de que eu fosse enterrada como indigente.

Fui ao cardiologista, fiz exames e ele me disse que eu não tinha nada no coração. A acupunturista, que também era médica, apalpou meu pescoço e avisou que minha tireoide estava aumentada. Fui ao endocrinologista, fiz punção e a biópsia detectou três nódulos -dois deles eram malignos, carcinomas papilíferos.

Quando recebi o diagnóstico, chorei. Pensei: por que comigo? Mas, entre descobrir o que eu tinha e ser operada, passaram-se somente 15 dias.

Minha recuperação foi tranquila, e o corte ninguém vê. Quando o cirurgião me deu alta, olhou nos meus olhos e disse: 'Você está curada'. Ele é um médico muito humano. Senti confiança nele. Até 15 dias depois da cirurgia tive arritmia. Mas aquela coisa horrível que eu sentia passou.

Faz seis anos e meio que fui operada. Depois de cinco, fiz um mapeamento do corpo todo, um PET scan [tomografia por emissão de pósitrons], que deu negativo. De todos os cânceres, sei que o que eu tive não dá metástase.

Tive um aumento no nível de colesterol, que controlo com caminhadas, pilates e dieta -não como fritura e consumo pouca carne vermelha. Faço reposição de hormônio em jejum diariamente e controle anual das dosagens hormonais.

Acho que meu problema é hereditário: três pessoas da minha família retiraram a tireoide. Minha irmã e duas primas têm micronódulos, minha avó teve bócio. Tenho um tumor na hipófise, muito pequeno, perto do nervo óptico.

A cada cinco anos faço ressonância magnética. Descobri aos 27 anos, porque parei de menstruar, e por isso não tive filhos. Convivo bem com a ideia de ter um tumor. Mesmo quando tive síndrome do pânico, nunca me entreguei."

MARIA ELISABETH MACHADO, 58, farmacêutica aposentada

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