São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010
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Clac-clac

Sapateado exercita vários grupos musculares e aperfeiçoa a coordenação motora , além de garantir a liberação daquela boa dose de endorfinas

DANIELA TALAMONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O sapateado voltou à cena e, por aqui, vem atraindo uma nova geração de interessados. Esse tipo de expressão ganhou um empurrão extra com a atual invasão dos palcos brasileiros por musicais como "Hairspray" e "Cats".
Felizmente, não é preciso ser um bailarino ou saber atuar para arriscar uns passos. Melhor ainda: sapatear é uma forma gostosa de fazer exercício e aliviar o estresse.
De acordo com a bailarina, coreógrafa, musicista e cantora Christiane Matallo, de Campinas (interior de SP), o sapateado faz muito bem à saúde e é recomendado para pessoas de qualquer tipo físico.
Ela viaja para São Paulo toda quarta-feira para preparar profissionais no Kika Tap Center para musicais, mas também dá aulas para leigos. Para a professora, a tentativa de acompanhar o ritmo e a melodia das músicas com os movimentos dos pés -batendo as pontas do calçado, o calcanhar ou a sola inteira no chão- exige uma postura corporal que acaba trabalhando várias regiões musculares, até os braços, que acompanham cada passo.
Para as mulheres que lutam por um abdômen sequinho e pernas torneadas, o sapateado pode funcionar como uma boa aula de musculação. "Para executar os pequenos saltos, com um pé e depois o outro ou com os dois pés juntos, há uma transferência de peso que exercita pernas, coxas e panturrilha. Além disso, a região abdominal precisa estar enrijecida para garantir o equilíbrio", enumera Matallo.
"Sapatear é como caminhar, por isso tonifica tantos músculos e, ainda, como toda atividade, estimula a liberação de substâncias que proporcionam sensação de prazer e bem-estar, como as endorfinas", acrescenta o dançarino e coreógrafo Felipe Galganni, professor na Escola de Atores Wolf Maya e no Estúdio de Dança Promenade, em São Paulo.
Depois de aprender os passos básicos, sapatear sem sair do tom vira um desafio divertido para o cérebro. Afinal, os alunos dançam e, com o vaivém dos sapatos especialmente preparados para emitirem um som, "tocam" um instrumento de percussão ao mesmo tempo.
"Tanto que aquelas pessoas que estudam música têm mais facilidade para aprender os passos", diz Matallo.
Isso não significa, porém, que a falta de coordenação motora -a principal dificuldade apontada pelos alunos- impeça a participação nas aulas.
"Pelo contrário. É possível melhorar a coordenação e até desenvolver um ouvido mais "musical" com as aulas de sapateado", diz Galganni.
Antes de se sentir um dançarino da Broadway e sair sapateando por aí, porém, alguns cuidados são fundamentais. A compra do sapato é, literalmente, o primeiro passo e requer uma escolha cuidadosa.
"Os sapatos ideais devem ser adquiridos em lojas especializadas e possuem duas placas de alumínio na sola, uma na região da ponta dos dedos e outra no calcanhar. Eles podem custar na faixa de R$ 90 a R$ 160", explica Matallo.
Outro cuidado a ser tomado é com o professor e o local onde serão feitas as aulas. "Procure um profissional especializado na técnica e só estúdios que tenham salas especiais com acústica ideal para emitir o som perfeito dos passos e piso de madeira com revestimento para amortecer o impacto das pisadas", ensina Galganni.
Para a ortopedista Cibele Réssio, da Universidade Federal de São Paulo, os cuidados devem ir além. "Os movimentos repetitivos podem causar tendinite", explica.
Os riscos, alerta a médica, são os mesmos aos quais uma mulher sedentária e que usa salto alto todos os dias está sujeita e não devem ser obstáculo para quem deseja se exercitar na prática. "O aluno só deve procurar um especialista ao primeiro sinal de dor, cãibras, dormência ou inchaço", diz.
A atividade é contraindicada para quem tem problemas ortopédicos, como artrose de joelho, e crianças. "O ideal para começar é por volta dos 15 anos, quando geralmente o esqueleto já está formado", diz Réssio.
Depois disso, é só se jogar e dançar muito, para buscar sapatear algum dia com um estilo próprio, como os grandes sapateadores da história.


[...] A atividade é contraindicada para menores de 15 anos e portadores de artrose no joelho



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