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TRANSPIRE
Clac-clac
Sapateado exercita vários grupos musculares e aperfeiçoa a coordenação motora , além de
garantir a liberação daquela boa dose de endorfinas
DANIELA TALAMONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O sapateado voltou à
cena e, por aqui, vem
atraindo uma nova
geração de interessados. Esse tipo de expressão ganhou um empurrão extra com a
atual invasão dos palcos brasileiros por musicais como
"Hairspray" e "Cats".
Felizmente, não é preciso ser
um bailarino ou saber atuar para arriscar uns passos. Melhor
ainda: sapatear é uma forma
gostosa de fazer exercício e aliviar o estresse.
De acordo com a bailarina,
coreógrafa, musicista e cantora
Christiane Matallo, de Campinas (interior de SP), o sapateado faz muito bem à saúde e é recomendado para pessoas de
qualquer tipo físico.
Ela viaja para São Paulo toda
quarta-feira para preparar profissionais no Kika Tap Center
para musicais, mas também dá
aulas para leigos. Para a professora, a tentativa de acompanhar o ritmo e a melodia das
músicas com os movimentos
dos pés -batendo as pontas do
calçado, o calcanhar ou a sola
inteira no chão- exige uma
postura corporal que acaba trabalhando várias regiões musculares, até os braços, que
acompanham cada passo.
Para as mulheres que lutam
por um abdômen sequinho e
pernas torneadas, o sapateado
pode funcionar como uma boa
aula de musculação. "Para executar os pequenos saltos, com
um pé e depois o outro ou com
os dois pés juntos, há uma
transferência de peso que exercita pernas, coxas e panturrilha. Além disso, a região abdominal precisa estar enrijecida
para garantir o equilíbrio",
enumera Matallo.
"Sapatear é como caminhar,
por isso tonifica tantos músculos e, ainda, como toda atividade, estimula a liberação de
substâncias que proporcionam
sensação de prazer e bem-estar, como as endorfinas", acrescenta o dançarino e coreógrafo
Felipe Galganni, professor na
Escola de Atores Wolf Maya e
no Estúdio de Dança Promenade, em São Paulo.
Depois de aprender os passos
básicos, sapatear sem sair do tom vira um desafio divertido
para o cérebro. Afinal, os alunos dançam e, com o vaivém
dos sapatos especialmente preparados para emitirem um
som, "tocam" um instrumento
de percussão ao mesmo tempo.
"Tanto que aquelas pessoas
que estudam música têm mais
facilidade para aprender os
passos", diz Matallo.
Isso não significa, porém,
que a falta de coordenação motora -a principal dificuldade
apontada pelos alunos- impeça a participação nas aulas.
"Pelo contrário. É possível
melhorar a coordenação e até
desenvolver um ouvido mais
"musical" com as aulas de sapateado", diz Galganni.
Antes de se sentir um dançarino da Broadway e sair sapateando por aí, porém, alguns
cuidados são fundamentais. A
compra do sapato é, literalmente, o primeiro passo e requer uma escolha cuidadosa.
"Os sapatos ideais devem ser
adquiridos em lojas especializadas e possuem duas placas de
alumínio na sola, uma na região
da ponta dos dedos e outra no
calcanhar. Eles podem custar
na faixa de R$ 90 a R$ 160", explica Matallo.
Outro cuidado a ser tomado é
com o professor e o local onde
serão feitas as aulas. "Procure
um profissional especializado
na técnica e só estúdios que tenham salas especiais com acústica ideal para emitir o som perfeito dos passos e piso de madeira com revestimento para
amortecer o impacto das pisadas", ensina Galganni.
Para a ortopedista Cibele
Réssio, da Universidade Federal de São Paulo, os cuidados
devem ir além. "Os movimentos repetitivos podem causar
tendinite", explica.
Os riscos, alerta a médica, são
os mesmos aos quais uma mulher sedentária e que usa salto
alto todos os dias está sujeita e
não devem ser obstáculo para
quem deseja se exercitar na
prática. "O aluno só deve procurar um especialista ao primeiro sinal de dor, cãibras, dormência ou inchaço", diz.
A atividade é contraindicada
para quem tem problemas ortopédicos, como artrose de joelho, e crianças. "O ideal para começar é por volta dos 15 anos,
quando geralmente o esqueleto
já está formado", diz Réssio.
Depois disso, é só se jogar e
dançar muito, para buscar sapatear algum dia com um estilo
próprio, como os grandes sapateadores da história.
[...]
A atividade é contraindicada para menores de 15 anos e portadores de artrose no joelho
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