São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010
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IR OU FICAR

'Terapia é bom como apanhar de chicote'

No nosso 12º ano de casamento, a gente estava em pé de guerra, sem saber se queria continuar. A terapia foi a busca de alguém para mediar a conversa. Durou dois ou três meses.
O casamento estava tão chato que um de nós se interessou por outra pessoa. A gente achava que não se importaria de magoar o outro. E importa.
Só que, para não chatear o outro, você abre mão de coisas e nem sempre é um bom negócio. Isso eu percebi na terapia.
Terapia de casal é tão bom quanto apanhar de chicote. A pessoa fala coisas que você acha o fim da picada, tem o terapeuta ouvindo, dá vergonha.
Você sai do controle, tem que admitir erros monumentais. Mas tem uma hora que é a solução, porque não dá para conversar.
A primeira pergunta dela foi: "Vocês querem separar ou ficar juntos?" E a gente não sabia dizer. Teve desde o primeiro minuto uma sensação de que havia algo a ser salvo.
RENATA, 46

'Chegávamos juntos e saíamos separados'

Separar é sempre uma possibilidade. Nosso problema era pior: não dava para conversar. A intenção era entender o que estava ocorrendo e tomar uma decisão. Na época, achava que era para entender minha verdade.
A temperatura subia rapidamente. A gente chegava junto e saía separado. Não foram conversas fáceis, mas foi fundamental para a gente se entender.
A terapeuta tinha que intervir às vezes, mas era bom falar verdades que em casa fugiam do controle. A Renata não tinha muita facilidade de ouvir. Eu vi que tinha que exigir essa atenção.
Demorou pra ficar bom de novo. Você está tão viciado numa dinâmica que demora para mudar. Dois anos depois, fizemos uma viagem redentora. Me senti zerado, a perdoei e me perdoei pelo que a gente tinha feito um para o outro.
JÚLIO,45


Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados


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